Ações da Mota-Engil afundam mais de 11% e pressionam PSI
Tomada de mais-valias por parte dos investidores justifica a queda das ações da construtora portuguesa, pressionando o índice de referência nacional, que contrariou os ganhos da maioria das congéneres europeias.
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Foram dois dias de altos e baixos na negociação em bolsa para a Mota-Engil. Depois de na sessão de segunda-feira ter disparado mais de 9%, as ações da empresa desvalorizaram 11,65% na sessão desta terça-feira para os 4,930 euros por ação. É preciso recuar até 12 de maio de 2024 para encontrar uma queda semelhante, que foi de 11,51% nesse dia.
A negociação em baixa desta terça-feira apaga assim os ganhos conseguidos no dia anterior – tinha começado a sessão de segunda-feira nos 5,24 euros e tinha terminado nos 5,58 euros por ação. De recordar que a construtora iniciou a sessão já em baixa, cedendo perto de 1,8%, num movimento de correção e tomada de mais-valias por parte dos investidores.
"Após a forte valorização de 9,4% que se registou ontem, com o ganho do concurso de um túnel no Brasil num montante superior a mil milhões de dólares, verifica-se aqui uma reação técnica. Ocorre quando os investidores observam uma valorização muito forte numa sessão e que marcou aqui uma apoteose do mercado relativamente à Mota-Engil, através da realização dos resultados", sublinhou João Queiroz, responsável de trading no Banco Carregosa, em declarações ao Negócios.
"A Mota-Engil já tinha tido um percurso positivo com boa recuperação no mês de agosto, que se prolongou no início de setembro, e ontem terá sido a cereja no topo do bolo, o que espoletou esta realização de resultados", explicou.
O grupo português confirmou esta terça-feira à CMVM ter ganhado a concessão por 30 anos do túnel Santos-Guarujá, que tem previsto um investimento que ascende a 1,255 mil milhões de euros. A empresa antevê que a assinatura do contrato "possa acontecer até final do corrente ano". A concessão do projeto no Brasil tem a previsão de 30 anos.
A queda da Mota Engil acabou por pressionar o PSI, que fechou em contraciclo com a maioria das restantes praças europeias. O índice de referência nacional perdeu 0,86% para 7.687,51 pontos, com 12 dos seus 15 títulos no vermelho.
Destaque ainda para a queda da EDP Renováveis, que cedeu 2,17% para 9,90 euros, enquanto a casa-mãe EDP recuou 1,14% para 3,721 euros. Já o peso pesado BCP desceu 0,75% para 0,7146 euros.
No final de segunda-feira, o JP Morgan cortou a recomendação do banco para "neutral", justificando com o elevado rácio preço/lucros (P/E), tendo apesar disso revisto em alta o preço-alvo das ações para 0,75 euros.
As cotadas do retalho também desvalorizaram, com a Sonae a recuar 0,16% para 1,286 euros e Jerónimo Martins a desvalorizar 0,09% para 21,70 euros. A dona dos supermercados Pingo Doce recuou apesar de o Erste Group ter passado a recomendar compra das ações da cotada e revisto em alta o preço-alvo para 25,1 euros.
Os ganhos foram liderados pela Galp, num dia de valorização do crude devido às tensões no Médio Oriente. A petrolífera somou 1,08% para 15,94 euros.
(Corrigida a declaração de "despoletou" para "espoletou")
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