Receios com a vitalidade económica dos EUA afastam Wall Street de máximos
Com o Governo em "shutdown" e sem dados oficiais, os investidores viraram as atenções para um relatório sobre as expectativas dos consumidores, que aponta para uma deterioriação da economia do país.
Os principais índices norte-americanos ainda arrancaram a sessão a registar novos máximos históricos, mas depressa inverteram o sentido de negociação assim que um novo relatório sobre as expectativas dos consumidores, elaborado pela Reserva Federal (Fed) de Nova Iorque, apontou para uma deterioração económica e aumento da inflação.
Tanto o S&P 500 como o Nasdaq Composite afastaram-se de valores recorde esta terça-feira, numa altura em que o Governo norte-americano continua em "shutdown" e os mercados procuram por informação para "medirem o pulso" à maior economia do mundo.
Neste contexto, o S&P 500 encerrou a sessão com perdas de 0,38% para 6.714,59 pontos, depois de ter tocado nos 6.754,49 pontos - o maior valor de sempre. O mesmo aconteceu com o tecnológico Nasdaq Composite, pressionado pelas perdas da Oracle, que cedeu 0,68% para 22.786,15 pontos, após ter atingido máximos históricos nos 23.006,07 pontos. Por sua vez, o industrial Dow Jones caiu 0,20% para 46.602,98 pontos.
Sem dados oficiais, os investidores estão a concentrar-se em relatórios produzidos por entidades independentes, bem como em discursos de membros do banco central norte-americano, à procura de pistas sobre o futuro da política monetária do país. Esta terça-feira, o presidente da Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, defendeu mais dois cortes de 25 pontos base nas taxas de juro até ao final do ano, citando a debilidade do mercado laboral - uma narrativa apoiada por um dos governadores da autoridade monetária, Stephen Miran. É esperado que o banco central volte a cortar as taxas de juro em 25 pontos base na reunião agendada para o final deste mês.
"O mercado ainda está muito centrado na inteligência artificial e acredito que algum desse entusiasmo já tenha passado, com os investidores a aproveitarem o momento para procederem com a retirada de mais-valias" explica Paul Nolte, estratega de mercados da Murphy & Sylvest, à Reuters. "Quando se olha por baixo do tapete, o mercado não tem estado assim tão saudável", acrescenta o analista.
Entre as principais movimentações de mercado, a Oracle chegou a cair mais de 6% esta tarde, embora tenha conseguido reduzir as perdas para apenas 2,52% para 284,24 dólares, depois de o jornal The Information ter publicado um artigo que deixou os investidores apreensivos em relação às margens de lucro da divisão de inteligência artificial da empresa - o que acabou por interromper o "rally" ligado a este tecnologia.
Já a Tesla caiu 4,45% para 433,09 dólares, após ter revelado a nova versão do seu modelo mais popular, o Model Y. É um modelo mais barato, que vem compensar o fim dos subsídios à compra e produção de veículos elétricos nos EUA - mas que parece não ter agradado os investidores. Por sua vez, a AMD acelerou 3,83% para 211,51 dólares, depois de o Jefferies ter revisto em alta a recomendação da tecnológica para "comprar".
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