Venda da Impresa? "Preocupação da CMVM é que esteja no público a informação que é pública"
As ações da empresa de media estiveram suspensas no seguimento das notícias de que estaria a ser negociada a entrada do grupo italiano MediaForEurope no capital da dona da SIC e do Expresso. Após o regresso, os títulos estão a disparar.
O supervisor dos mercados financeiros suspendeu a negociação das ações da Impresa à espera que o grupo de media desse mais informações ao mercado sobre as conversações para a entrada de um novo investidor no capital. Agora, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) diz que os esclarecimentos foram prestados e cabe aos investidores tomarem as suas decisões.
Na sexta-feira passada, o jornal Il Messaggero avançou que, na reunião do conselho de administração realizado para aprovar as contas do primeiro semestre da MFE – MediaForEurope, detida em 75% pela família Berlusconi, Marco Giordani, o administrador financeiro da empresa, terá dado conta do retomar das negociações relativamente a uma potencial aquisição da dona da SIC.
Ao Negócios, a cotada portuguesa disse estar aberta a parcerias, mas afastou a existência de qualquer informação que deva ser comunicada ao mercado. Apesar disso, no dia seguinte viria a ter de se dirigir aos investidores. Em comunicado à CMVM, a Impresa assumia no sábado as negociação com a MFE para a venda de "participação relevante".
"A CMVM suspendeu a negociação, comunicou a suspensão na sexta-feira, para o mercado e os investidores poderem absorver, compreender e valorizarem [a informação] que estava a ser prestada. O emitente comunicou ao mercado, e às 10:02 horas foi aberta a comunicação", explicou o administrador José Miguel Almeida, à margem da conferência de imprensa de apresentação do relatório anual de auditoria.
"Esta é a informação que considerámos adequada para levantar a suspensão. A partir daqui compete aos investidores retomarem as expectativas quanto a esta matéria. A preocupação da CMVM é que esteja no público a informação que é pública", sublinhou.
Após o levantamento da suspensão, os títulos da Impresa chegaram a disparar 84,13% para 0,232 euros - o valor mais elevado desde junho de 2022. O volume de negociação, de 8,4 milhões de ações trocadas, o equivalente a 5% do capital, apenas se aproxima de valores registados em 2019.
Este salto acionou um "trading halt", ou seja, uma suspensão técnica por parte da Euronext. "Quando há saltos nos sistemas negociação, o sistema trava, abre o leilão e depois abre novamente para permitir determinar o preço", referiu ainda o administrador da CMVM. Já sobre a operação em si, respondeu apenas: "Relativamente ao tema das fusões e aquisições, sabemos, em abstrato, que é a lei da vida. É um processo organizativo próprio pelo qual todos os setores económicos passam, por diversas razões".
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