Wall Street perde gás com investidores à procura de novos catalisadores. Intel dispara 6%
Os principais índices fecharam a sessão com perdas, enquanto os investidores parecem procurar novos catalisadores que suportem os recentes máximos históricos. Só este ano, o S&P 500 já bateu quase 30 recordes, e há já quem alerte para a sobrevalorização das ações. Outros vêm novos máximos a caminho.
A forte e rápida subida dos principais índices norte-americanos desde o “colapso” dos mercados bolsistas em abril começa a mostrar sinais de exaustão. Wall Street terminou a sessão desta quarta-feira com perdas, à medida que os investidores esperam por novos catalisadores que possam suportar os recentes máximos históricos, enquanto analisam os riscos decorrentes da desaceleração do mercado de trabalho e da inflação persistente nos Estados Unidos (EUA).
O S&P 500 caiu 0,28%, para os 6.637,97 e o tecnológico Nasdaq Composite recuou 0,33% para os 22.497,86. Já o Dow Jones perdeu 0,37% para os 46.121,28 pontos.
Embora o S&P 500 tenha, até agora, conseguido desafiar a reputação de setembro como o pior mês para os retornos das ações, o índice não conseguiu ganhar força na sessão de hoje. Com efeito, o otimismo do mercado fez com que o principal índice registasse quase trinta recordes desde o início do ano.
Uma analista do Bank of America citada pela Bloomberg observa que, em 19 das 20 métricas, o índice de referência das ações dos EUA está a ser negociado a níveis estatisticamente caros. Nesta linha, a euforia em relação à inteligência artificial parece ter transformado os céticos em compradores de ações a preços mais elevados, comportamento que aumenta o risco de queda das ações.
Ainda assim, Craig Johnson, da Piper Sandler, disse à agência de notícias financeiras que “a tendência de fortes ganhos ainda não acabou". "No entanto, o perfil de risco-recompensa de curto prazo está a tornar-se mais comprimido, à medida que as ações sobem e o impulso subjacente enfraquece”, referiu Johnson.
Uma das principais razões para a “perda de gás” de Wall Street prende-se com o discurso do presidente da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell, que ontem disse que as perspetivas para o mercado de trabalho e a inflação nos EUA enfrentam riscos, reiterando a sua opinião de que os decisores da Fed provavelmente terão um caminho difícil pela frente ao ponderarem novos cortes nas taxas de juros. Além disso, não deu sinais de que apoie um novo corte de juros na reunião do banco central em outubro.
Após uma recuperação de quase 35% em relação aos mínimos de abril, até Powell observou esta semana que os preços das ações estão “bastante valorizados”. Para Mark Hackett, da Nationwide, o comentário do líder da Fed pareceu mais uma observação do que um aviso. "Dito isto, os indicadores de sentimento e posicionamento sugerem que a recuperação é sustentada por um otimismo cauteloso, e não por um excesso especulativo”, observou Hackett. “Este cenário de posicionamento e sentimento sustenta uma perspetiva construtiva para as ações”, explicou o mesmo especialista.
Apesar da perda de terreno nesta quarta-feira, Wall Street mantém-se próximo de máximos históricos, sustentado pela crença de que a maior economia mundial não está a caminho de uma recessão e que o crescimento será impulsionado pela melhoria dos lucros das empresas e pelo “boom” da inteligência artificial.
Entre os movimentos do mercado, a Micron Technology caiu quase 3%, apesar de ter ontem divulgado uma previsão otimista para o resto do ano na sua apresentação de resultados. A Intel, por sua vez, disparou mais de 6%, depois de se saber que a empresa estará em conversações com a Apple para que a empresa da maçã entre no capital da tecnológica.
Entre as “big tech”, a Nvidia cedeu 0,82%, a Alphabet recuou 1,79%, a Microsoft subiu 0,18%, a Meta ganhou 0,70%, a Apple deslizou 0,83% e a Amazon desvalorizou 0,23%.
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