De crítico a aliado. CEO do JPMorgan dá passo decisivo rumo às criptomoedas
Depois de, ainda em maio, Jamie Dimon ter demonstrado as suas reservas em relação à bitcoin, o JPMorgan prepara-se para começar a conceder crédito com cripto como garantia.
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O CEO do JPMorgan tem adotado uma postura mais branda em relação às critptomoedas nos últimos anos, mas, numa questão de meses, parece ter invertido completamente a sua visão. Depois de, em maio, Jamie Dimon ter dito a investidores que "não é fã" da bitcoin e do universo dos ativos digitais, o banco norte-americano está agora a explorar a ideia de conceder empréstimos garantidos por criptoativos já a partir do próximo ano, segundo noticia o jornal britânico Financial Times, que cita fontes próximas do tema.
Apesar de surpreendente, considerando a postura adotada por Dimon nos últimos anos, a aproximação do JPMorgan aos criptoativos não é uma novidade no setor bancário dos EUA. A aprovação do "Genius Act" - lei que regula o uso de "stablecoins" - abriu as portas a uma maior adoção institucional da indústria dos ativos digitais e já várias instituições financeiras do país mostraram-se interessadas em lançar a sua própria criptomoeda indexada a um ativo estável, como é o caso do Bank of America e do Citibank.
As fontes do Financial Times não descartam uma mudança de planos no curto prazo, mas para já o banco norte-americano parece estar empenhado em desenvolver as suas ligações com o setor. Jamie Dimon tem vindo a moderar o tom em relação ao setor nos últimos tempos, passando de apelidar a bitcoin de "fraude que eventualmente vai explodir" para defender o direito de a usar. "Eu não acho que se deva fumar, mas defendo o direito a fazê-lo. Também o direito de alguém comprar bitcoin. Força", declarou no início do ano.
Além de garantir empréstimos através de criptoativos, o JPMorgan também já assegurou que vai estar envolvido no mundo das "stablecoins". Estas criptomoedas têm sido vistas pelo setor como uma espécie de "bala de prata" para aprofundar as relações com os mercados tradicionais, tendo a indústria cripto investido milhões de dólares nas últimas eleições norte-americanas para assegurar a vitória de candidatos favoráveis ao setor - uma aposta que está, claramente, a dar frutos.
Com o impulso da aprovação do "Genius Act" - que só está, agora, à espera da assinatura de Donald Trump, um dos principais promotores da legislação -, o mercado das criptomoedas conseguiu ultrapassar os quatro biliões de dólares. As "stablecoins" representam uma "fatia" considerável deste valor, tendo ultrapassado recentemente os 250 milhões de dólares em capitalização de mercado - com o setor a prever que o crescimento seja astronómico até ao final da década, agora que vários bancos esboçam planos para lançar as suas próprias moedas.
No entanto, a banca não tem feito esta aproximação sem algumas reservas. Com as criptomoedas a estarem fora do escopo de ação dos bancos centrais, existem receios que estes ativos possam continuar a ter uma grande associação a atividades criminosas, como esquemas de lavagem de dinheiro, bem como levantam dúvidas sobre a sua segurança. Ainda no início do ano, o grupo norte-coreano "Lazarus" conseguiu desviar 1,5 mil milhões de dólares da plataforma de negociação de criptomoedas Bybit – o maior ataque à indústria dos ativos digitais de sempre.
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