Grupo BCP passa a controlar praticamente um terço da Inapa
Embora através de duas entidades (banco e fundo de pensões), o Grupo BCP detém 32,9% do capital social da distribuidora quando, até aqui, a sua participação era de 18%. Uma alteração que se deve a uma subscrição de acções feita em 2011. Com os dados actuais, a participação imputada ao grupo financeiro ultrapassa a da Parpública, superando-a como principal accionista.
A estrutura accionista da Inapa mudou. O Millennium BCP passou a deter uma participação global que confere quase um terço dos direitos de voto da empresa de distribuição de papel quando tinha, até aqui, menos de um quinto.
O Grupo do Banco Comercial Português passou a ter, nas suas mãos, mais de 148 milhões de direitos de voto representativos de 32,9% do capital social da Inapa, segundo avança o comunicado assinado pelo banco e publicado pela companhia liderada por José Félix Morgado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Esta participação na Inapa é dividida entre duas sociedades pertencentes ao banco. O BCP detém directamente 19,1% do capital social; já o fundo de pensões do grupo tem na sua posse 13,8% do capital. O que totaliza a posição de 32,9%. No comunicado, o BCP explica que a sociedade gestora do fundo “exerce de forma independente os respectivos direitos de voto”, embora estando inserida no mesmo grupo.
As novas participações são completamente distintas das registadas no final de 31 de Dezembro de 2013, como aponta o relatório e contas. Nessa altura, o Millennium detinha uma posição global na Inapa de 18,24% (10,99% pelo fundo de pensões e 7,25% pelo banco).
O principal accionista da empresa cujo papel distribuído se destina por exemplo à indústria gráfica era, à data, a Parpública, com uma posição de 32,72%. Mantendo-se essa posição, o Estado deixa de ser o principal accionista da Inapa.
A Nova Expressão tem 6,02% da companhia de distribuição de papel, com presença na embalagem e na comunicação visual. Tiago Moreira Salgado tinha 3% nessa data mas, no início de Abril, anunciou que tem agora uma participação não qualificada, inferior a 2% (1,75%, mais precisamente).
Por que aumenta a participação do BCP
“O Banco Comercial Português informa que na sequência da não aprovação na assembleia geral da Inapa – Investimentos, Participações e Gestão SA, realizada a 10 de Abril de 2014, da distribuição do dividendo prioritário das acções preferenciais relativo aos exercícios de 2012 e 2013, passaram as mesmas, ao abrigo do artigo 342.º do Código das Sociedades Comerciais, a conferir 121 559 194 direitos de voto imputáveis ao Banco Comercial Português, SA”, indica o comunicado publicado pela Inapa.
É preciso recuar a 2011 para perceber o que explica o documento. Nesse ano, a Inapa realizou um aumento de capital em que emitiu 300 milhões de acções preferenciais, que não conferem direitos de voto. Essas acções preferenciais não confeririam direito de voto mas passariam a fazê-lo caso, por dois anos seguidos, não recebessem dividendos, explicou fonte da empresa ao Negócios. Foi o que aconteceu: não houve remuneração accionista nem em 2012 e, como ficou decidido na assembleia geral passada, também não houve em 2013. Isto apesar de o grupo ter voltado aos lucros depois de dois anos de prejuízos.
Assim, com a decisão da assembleia-geral, as acções preferenciais passaram a dar logo direitos de voto a quem as subscreveu. Foi assim que o BCP, que havia subscrito cerca de 120 milhões das 300 milhões de acções colocadas, viu a sua participação atingir praticamente um terço do capital social. Segundo as regras impostas pelo código de valores mobiliários, uma empresa é obrigada a lançar uma oferta pública de aquisição a outra companhia se nela tiver superado a fasquia de uma participação qualificada de um terço (33,33%).
A Inapa, cuja principal área de negócio é a distribuição de papel mas que tem negócios complementares na embalagem e na comunicação visual (segmento com materiais tipo lonas, mas também tintas e equipamentos de impressão), tem um valor total de 41 milhões de euros ao preço actual das suas acções, que encerraram esta quarta-feira nos 27,3 cêntimos.
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