Julgamento sobre genocídio no Sudão faz BNP Paribas afundar em bolsa
O banco francês já chegou a afundar mais de 10% esta manhã, depois de ter perdido um julgamento nos EUA, no qual uma ação coletiva alega que o banco terá ajudado a financiar o genocídio no país africano.
O gigante da banca francês BNP Paribas caiu para o seu nível mais baixo em seis meses na bolsa de Paris, após perder um processo judicial que poderá resultar num acordo dispendioso para a instituição financeira. As ações daquele que é um dos maiores bancos da Europa seguem a tombar mais de 10% para pouco acima dos 67 euros por ação, sendo que a negociação foi temporariamente suspensa devido a volatilidade.
A forte queda chega depois de a derrota do BNP Paribas num julgamento datado de 17 de outubro, nos Estados Unidos (EUA), com uma ação coletiva a alegar que o banco terá ajudado a financiar o genocídio no Sudão ao fornecer serviços bancários ao antigo governo do ex-Presidente Omar al-Bashir, em violação às sanções dos EUA.
O julgamento irá possivelmente forçar o banco a um acordo oneroso, avança a Bloomberg, já que o júri federal de Manhattan ordenou que o BNP Paribas pagasse um total de mais de 20 milhões de dólares a três dos 23 mil queixosos - refugiados sudaneses a viver nos EUA - , o que poderá significar que o banco arrisca pagar em danos perto de 150 mil milhões de dólares.
“O banco provavelmente continuará a pressionar as suas defesas em moções pós-julgamento e em recursos, mas a pressão para chegar a um acordo aumentará — e por valores muito superiores aos que estimávamos”, referiu à agência de notícias financeiras o analista de litígios Elliott Stein. “Não descartamos um acordo na casa dos milhares de milhões”, acrescentou.
Um porta-voz da instituição financeira diz que "o BNP Paribas acredita que este resultado é claramente errado e que existem motivos muito fortes para recorrer do veredito".
Entretanto, o banco já anunciou ter "a intenção inabalável de recorrer da decisão, considerando que não tem qualquer pressão para resolver este caso", ao referir que "não há qualquer dúvida de que o banco irá contestar este caso e utilizar todos os recursos à sua disposição". O BNP deixa assim de parte um possível acordo, afirmando que este julgamento se cingiu apenas aos três queixosos acima referidos e que não deve ter uma aplicação mais alargada. "Acreditamos firmemente que este veredicto deve ser revogado em recurso", sublinhou o banco em comunicado citado pela Bloomberg.
Outros bancos franceses foram pressionados pela queda do BNP, com o Société Générale a cair mais de 2%, assim como o Crédit Agricole.
*Notícia atualizada com informação adicional sobre a resposta do BNP Paribas em comunicado.
Mais lidas