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"Made in China"? Cada vez é mais "Made by China"

A China está hoje mais protegida caso os EUA decidam "castigá-la" por via de limites às exportações. Mais de metade do que produz já é consumido internamente e para o fazer só precisa de importar 10% dos materiais necessários.

China bandeira
China bandeira Reuters
Negócios 21 de Fevereiro de 2017 às 18:45
De fabricante mundial a consumidor nacional. À boleia do crescimento da classe média, a China está mais protegida de possíveis manobras proteccionistas de Donald Trump. Actualmente, o gigante asiático não produz apenas para vender e passou a ser o maior consumidor do que produz internamente. E, para fazê-lo, só precisa de importar 10% do valor final da produção. Quem o afirma é Diana Choyleva, economista-chefe da Enodo Economics, consultora sediada em Londres. 

O maior fabricante do planeta fica com a maioria do que produz em casa. Esta circunstância pode condicionar qualquer "assalto" comercial liderado por Donald Trump, segundo afirma aquela responsável. É facto que o país asiático continua profundamente emaranhado na cadeia de suprimentos global, no entanto "a maior parte do valor agregado é, na verdade, destinado ao mercado interno da China e não ao exterior", referiu à Bloomberg.

Em 2011, menos de um quarto do total do valor interno agregado ao sector industrial da China estava ligado aos mercados externos, uma queda de cinco pontos percentuais face ao ano de 2008, segundo os dados mais recentes da Organização para a Cooperação Económica e Desenvolvimento. Se alguns sectores ainda dependem bastante da procura externa, como é o caso das áreas de electrotécnica, de têxteis e vestuário, a maioria consegue sobreviver apenas com o mercado interno.   

O conteúdo importado, integrado nos bens produzidos pela China, representa apenas 10% do consumo final do país asiático. Ou seja, os EUA até poderiam reduzir as suas importações da China através de entraves comerciais, como taxas, quotas ou barreiras não alfandegárias, como tem sido sugerido pela nova presidência do país. No entanto, tal não faria necessariamente com que as suas exportações para o país asiático aumentassem, dado que, a China apenas consome 10% de materiais com origem no mercado internacional.

Assim, a menos que o condicionamento dos EUA recaia sobre a exportação de serviços é improvável que as vendas norte-americanas à China venham a aumentar, avança a economista-chefe à Bloomberg.

Pequim espera produzir mais componentes necessários ao fabrico de produtos finais, tanto para o mercado doméstico como para os internacionais.
Acerca do novo programa "Made in China 2025", Choyleva aponta que o objectivo é elevar a incorporação nacional de componentes e materiais centrais a 40% até 2020 e a 70% até 2025. "Pequim quer transformar o Made in China em Made by China, com o propósito de reduzir a sua vulnerabilidade a uma interrupção das cadeias de suprimentos globais", explicou.
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