Recomposição de carteiras do MSCI provoca tumulto no fecho da bolsa
Em poucos minutos, tudo mudou no fecho da última sessão da bolsa de Lisboa. Acções que ao longo do dia de sexta-feira negociavam em forte queda, como a EDP Renováveis, deram a volta e encerraram em alta. Outras sofreram uma descida repentina.
Em poucos minutos, tudo mudou no fecho da última sessão da bolsa de Lisboa. Acções que ao longo do dia de sexta-feira negociavam em forte queda, como a EDP Renováveis, deram a volta e encerraram em alta. Outras sofreram uma descida repentina.
Ao todo foram seis as empresas que registaram fortes puxadas no fecho, acompanhadas de um elevado volume. Além da EDP Renováveis, foram afectadas a ZON, a REN, a Brisa, a Cimpor e o BCP.
Ao que o Negócios apurou junto de fontes do mercado, esta movimentação deve-se ao rearranjo de carteiras provocado pela alteração semestral dos índices MSCI, que tem efeito a partir de hoje. Sexta-feira foi, por isso, o último dia para fazer a recomposição.
"Este comportamento deve-se ao ajuste definitivo dos índices MSCI. Havia ainda transacções a efectuar para fechar algumas posições. Por vezes, os fundos contratam operações financeiras estruturadas que garantam a concretização das transacções no prazo definido, e a um preço contratado, o que justifica o facto de ter ocorrido no final da sessão", afirmou uma fonte do mercado.
No dia 14 de Maio, a Morgan Stanley Capital Index, responsável pela gestão de vários índices de referência regionais e sectoriais, anunciou as alterações na constituição e peso das empresas no cabaz. A ZON saiu dos índices europeus, enquanto a Cimpor e a Brisa viram o seu peso reduzido. A EDP Renováveis manteve a representatividade, tal como outros pesos pesados da praça portuguesa.
O sentido das puxadas não coincide sempre com a reacção esperada em face da recomposição anunciada do índice. A ZON, por exemplo, encerrou em alta com uma ordem superior a oito milhões de acções perto do fecho que a levou a encerrar a sessão a subir 0,83%.
Segundo fonte do mercado, este comportamento contraditório está relacionado com o facto de as empresas serem incluídas em novos índices, ao mesmo tempo que são retiradas de outros. "A Zon foi excluída do índice MSCI de grandes capitalizações por ter visto a sua capitalização recuar nos últimos meses, mas foi incluída no índice MSCI de pequenas capitalizações", explica outra fonte do mercado.
A Cimpor registou também uma valorização expressiva em poucos minutos. Perto do fecho da sessão foram movimentadas 1,21 milhões de acções, dois terços do total do dia, que levaram a cimenteira a disparar 2,87%.
A REN, embora não pertença aos índices regionais das maiores capitalizações, registou também uma forte puxada no fecho, mas para baixo. Fechou o dia com uma queda de 6%, a maior do PSI-20.
A CMVM tem vindo a investigar vários casos em que ocorreram puxadas no fecho, para perceber se existiu manipulação de mercado. O regulador dispõe de um sistema informático que emite alertas quando a negociação sai fora de determinados padrões.
A bolsa de Lisboa registou sexta-feira um volume de negociação elevado, com mais de 77 milhões de acções negociadas, 80% mais do que na véspera. O montante transaccionado disparou 70% para 238 milhões de euros. A praça portuguesa fechou a cair 0,23%, em contraciclo com a maioria das bolsas europeias. Fechou o mês com um ganho de 6,9%.
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