DIA - Jogar à defesa com aposta no Minipreço
Cadeia de retalho "hard-discount" é a eleita dos analistas na Península Ibérica
DIA | A retalhista está a tentar acelerar a aposta nos mercados emergentes.
A Distribuidora Internacional de Alimentación (DIA) não tem tido vida fácil desde o "spin-off" face à Carrefour e dispersão do capital na bolsa de Madrid. A acção da espanhola, dona da cadeia "Minipreço" em Portugal, continua a ser penalizada pela percepção, entre os analistas, de que se trata de uma empresa demasiado "presa" a mercados amadurecidos e economias deprimidas. Receios aliviados pelos últimos resultados e pela confiança demonstrada pela gestão.
A Carrefour decidiu dispersar o capital da DIA em bolsa depois de um processo de venda directa que atraiu vários interessados, mas que acabou por não se concretizar. A dona do "Minipreço" tornou-se a terceira maior retalhista mundial no formato "hard-discount", com elevada exposição ao mercado europeu e à Península Ibérica.
A empresa tem procurado expandir a sua presença em mercados de maior crescimento, como o Brasil, mas os analistas continuam a ver a dependência do mercado europeu como a principal "pecha" da empresa. Sobretudo tendo em conta que as cadeias maiores concorrem, cada vez mais, com as distribuidoras "hard-discount", replicando a sua aposta em promoções e produtos de marca branca.
"O sector da distribuição na Europa está sob pressão, e representa 75% das vendas da DIA, mas o grupo tem-se mostrado confiante e confirmou as metas anuais, o que transmitiu confiança aos investidores", diz ao Negócios a analista Marta Díaz de la Cuerda, do Banco Sabadell. A analista, que aprecia a "componente defensiva" da acção, tem uma recomendação de "compra", com preço-alvo de 3,90 euros.
A empresa teve um desempenho positivo ao nível dos lucros, aumentou as vendas (ver quadro ao lado) nos principais mercados (Portugal foi uma excepção) e conseguiu reduzir os níveis de endividamento apesar da expansão do número total de lojas. "No entanto, foram algo decepcionantes as estimativas para o mercado francês e o crescimento das vendas na China [a sua principal exposição às economias emergentes]", reconhece o Barclays.
Opinião semelhante tem o JP Morgan, que, antes da divulgação dos resultados, acreditava que "as estimativas da gestão parecem demasiado ambiciosas". O banco continua a recomendar uma atitude "esperar para ver" os próximos trimestres. Entre os 22 bancos de investimento consultados pela Bloomberg, 16 recomendam "comprar" e apenas um "vender". O "preço-alvo médio é de 3,86 euros.
A acção da DIA é uma das "top picks" ibéricas do Santander e do BPI. Este último vê numa eventual saída dos mercados francês e chinês um possível catalisador positivo para a acção.
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