Lusorecursos diz que não foi citada para nenhum processo da Novo Lítio
A Lusorecursos, empresa que detém uma licença de prospecção e pesquisa de lítio em Montalegre e que tem um diferendo com os australianos da Novo Lítio sobre a titularidade do contrato, diz que não foi notificada de nenhum processo judicial como tinha sido prometido pela empresa australiana.
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"Até ao momento a empresa não foi citada para nenhuma acção," disse ao Negócios esta quinta-feira, 14 de Setembro, fonte da Lusorecursos.
O esclarecimento chega um mês e meio depois de a Novo Lítio ter anunciado o "início de procedimentos legais" contra a companhia portuguesa, sustentando que a Lusorecursos não terá desenvolvido esforços junto do Governo para tornar efectiva uma licença de exploração e concretizado pedidos para seis outras licenças, nem ter transmitido a sua titularidade aos australianos como alegadamente estaria acordado.
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Na altura em que deu conta do avanço para tribunal, a empresa estimava ter uma resposta das autoridades judiciais em três meses – até finais de Outubro, princípios de Novembro -, um 'timing' que, defendia a empresa liderada por David Frances, permitiria apresentar o pedido de licença de exploração antes do prazo de 7 de Dezembro.
É nessa data - 7 de Dezembro de 2017 - que deixa de vigorar a actual licença, obtida originalmente em 2012 junto do Estado, para prospecção e pesquisa de depósitos minerais. Com vigência inicial de dois anos, foi prolongada até ao limite - três renovações de um ano cada. Para manter direitos sobre a zona, terá de ser pedida uma licença de exploração.
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A divergência entre as duas empresas foi conhecida no final de Junho passado, quando a Novo Lítio admitiu avançar para tribunal para fazer valer alegados "direitos legais vinculativos". Na altura, a necessidade de confirmação do "estado dos seus direitos no projecto Sepeda" (designação da prospecção em Montalegre) levou a empresa a suspender a negociação das suas acções na bolsa australiana durante mais de um mês – de 22 de Junho a 28 de Julho.
"Até à data, as conversações com a Lusorecursos para completar a venda das licenças no projecto de Sepeda [Montalegre] não alcançaram um resultado satisfatório," referia na altura em comunicado, aludindo ao impedimento da transferência, para sua propriedade, da licença de prospecção e do pedido de licença de exploração nas mãos daquela empresa de Braga. Contactada esta sexta-feira, a sociedade de advogados que representa a Novo Lítio não respondeu às questões do Negócios sobre o processo judicial em curso: "Não estão reunidas as condições para que nos possamos pronunciar," adiantou.
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Ligação com mais de um ano
A ligação entre portugueses e australianos vem do ano passado, quando a 1 de Junho a Dakota Minerals – que viria a dar lugar à Novo Lítio - anunciou um acordo vinculativo para compra de 100% dos direitos de prospecção de lítio em três áreas - Serra de Arga, Barroso-Alvão e Almendra-Barca d'Alva.
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Depois de vários meses de trabalhos no terreno - ao longo dos quais a empresa disse ter identificado "o maior recurso de lítio num depósito de lítio-césio-tântalo em pegmatito na Europa", material que foi mais tarde considerado adequado para a produção de componentes de baterias de iões lítio -, a empresa manifestou a intenção de investir entre 200 e 400 milhões de dólares até 2019 para criar em Montalegre um complexo de extracção e processamento de compostos de lítio para o fabrico de baterias que criaria 200 empregos.
No início deste mês, depois de o Dinheiro Vivo alertar para os riscos ao projecto proposto pela Novo Lítio para Sepeda, devido às divergências, o próprio Ministério da Economia veio a público reconhecer divergências entre as empresas e avisar que o prazo para pedir nova licença estava a terminar. E que a Lusorecursos, "com a qual o Estado Português tem um contrato devidamente válido," era o único interlocutor reconhecido pelo Governo.
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"Pensamos que o comunicado do Ministério da Economia é suficientemente esclarecedor sobre o assunto," respondeu fonte da Lusorecursos, quando questionada sobre a quem cabe a titularidade do contrato, disputada pela Novo Lítio.
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2012
7 de Dezembro – O Estado e a empresa Lusorecursos assinam contrato para prospecção e pesquisa de depósitos minerais em Sepeda, Montalegre.
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2016
1 de Junho
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1 de Dezembro
2017
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26 de Janeiro
20 de Fevereiro –
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20 de Abril –
28 de Abril
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23 de Maio –
25 de Maio
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29 de Maio
23 de Junho
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1 de Julho
28 de Julho
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4 de Setembro
Em comunicado, na primeira posição pública sobre o assunto, o Governo considera que a Lusorecursos é o único interlocutor do Estado e que o contrato de prospecção e pesquisa assinado com esta empresa estava a meses de terminar.
No mesmo dia, a Novo Lítio anuncia nova aquisição em zona próxima de Sepeda, um pacote de duas licenças de prospecção compradas à canadiana Medgold.
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