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Resposta chinesa deixa Europa dividida. Stoxx 600 caiu 2% esta semana

Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados desta sexta-feira.

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bolsas mercados graficos traders euronext Kamil Zihnioglu/AP
Ásia no vermelho, mas China aguenta-se à tona. Futuros da Europa sobem mais de 1%

Após uma sessão de forte recuperação provocada por uma reviravolta na guerra comercial, os principais índices asiáticas regressaram esta sexta-feira a terreno negativo, embora com perdas mais ligeiras. Os confrontos através das tarifas estão a gerar ainda maiores receios relativamente ao impacto que poderá ter no crescimento das duas maiores economias mundiais.

Os investidores seguem a avaliar a possibilidade de negociações, e acordos, entre os Estados Unidos e alguns países asiáticos, bem como maior clareza relativamente a como se vão desenvolver as relações com a China. Isto depois de a Casa Branca ter clarificado esta quinta-feira que, afinal, as tarifas à China são de 145%.

Os índices japoneses foram os maiores perdedores, pressionados pelas grandes empresas exportadoras. O Nikkei desceu 3,15% e o Topix recuou 2,84%, enquanto, na Coreia do Sul, o Kospi cedeu 0,59%.

Os principais índices chineses, tanto na China continental, como em Hong Kong, aguentaram-se à tona. O Hang Seng soma 1,4%, impulsionado pela BYD depois de o jornal alemão Handelsblatt ter noticiado que a China e a União Europeia tinham iniciado negociações com vista a abolir tarifas da UE aos veículos elétricos chineses. O continental Shanghai Composite avança 0,44%.

Pela Europa, os futuros do Euro Stoxx 50 apontam para uma valorização superior a 1% na abertura, dando continuidade aos ganhos de ontem em que o índice de referência europeu, Stoxx 600, teve o melhor dia desde março de 2022.

Petróleo sobe mas caminha para semana de perdas. Já caíu 15% em abril

Os preços do petróleo sobem a esta hora, mas o crude encaminha-se para fechar a segunda semana de perdas, pressionado por uma guerra comercial global, que tem os EUA e a China no centro. Ontem, a Casa Branca esclareceu que as tarifas à China já chegam aos 145%. Danos à economia chinesa podem ter reflexo da negociação do crude, já que o país ocupa o primeiro lugar na lista de maiores compradores desta matéria-prima.

O Brent - referência para as importações europeias – sobe 1,15% e negoceia nos 64,06 dólares por barril, depois de ter esta semana chegado a cair abaixo dos 60 dólares por barril. Já o West Texas Intermediate (WTI) – usado no mercado norte-americano – ganha 1,17% para 60,77 dólares.

O petróleo já recuou 15% em abril e junta-se a um "sell-off" que atingiu a maioria das matérias-primas. O crude tem também sido prejudicado pela decisão da OPEP de abrir ainda mais as torneiras.

"Estamos claramente a caminhar para uma guerra comercial, uma guerra em que não há vencedores. O golpe que daí resulta para o crescimento global está agora a pesar tanto na procura como no sentimento em relação ao mercado de petróleo. Apesar de o 'sell-off' brutal do dólar e das Treasuries não ter ainda contagiado os ativos petrolíferos de forma significativa, é algo que os investidores devem acompanhar de perto ", disse à Reuters Charu Chanana, estratega-chefe de investimentos do Saxo Markets

Ouro brilha mais do que nunca. Supera 3.200 dólares por onça

O ouro ultrapassou a marca dos 3.200 dólares por onça pela primeira vez, esta sexta-feira, valorizado por um dólar enfraquecido e pela escalada da guerra comercial que tem levado os investidores a voltarem-se para ativos de refúgio.

Esta madrugada o ouro chegou aos 3.216 dólares por onça, batendo o máximo de sempre de 3.219 dólares alcançado na sessão anterior, acumulando esta semana ganhos superiores a 5%. A esta hora, o metal amarelo sobe 0,98% e negoceia nos 3.207,22 dólares por onça.

"A rápida desvalorização do dólar norte-americano parece ser, este momento, o principal impulsionador da recuperação do ouro. Tal parece refletir-se no êxodo contínuo dos ativos em dólares, com o 'sell-off' de ações e obrigações num contexto de incerteza sobre a política tarifária", afirmou à Reuters Ilya Spivak, analista da Tastylive.

Dólar continua a afundar após China "carregar" nas tarifas

O dólar continua a afundar depois de ter sofrido o maior tombo em três anos como resultado do aumento de tarifas por parte da China sobre todos os produtos norte-americanos, como retaliação às impostas por Trump. 

Esta sexta-feira, Pequim "subiu a parada" elevando as tarifas aos EUA para 125%

Por esta hora, o índice do dólar da Bloomberg, que mede a força da nota verde face aos principais concorrentes, caía 1,19% para 99,67 pontos.

O euro, por exemplo, valorizava 1,7% para 1,138 dólares, um nível que já não se via desde fevereiro de 2022.

O dólar escorregava para o nível mais baixo em dez anos face ao franco suíço e para mínimos de seis meses contra o iene japonês.

Nota ainda para a divisa chinesa que estava a recuperar do "tombo", depois de na terça-feira o yuan "offshore" ter recuado até aos 0,1355 dólares, o seu valor mais baixo de sempre face à moeda norte-americana. Por esta hora, cedia ligeiramente, estando a negociar na faixa dos 0,1365 dólares.

Segundo Allan von Mehren, chefe analista do Danske Bank, a China vai provavelmente desafiar previsões em Wall Street de grandes desvalorizações do yuan contra o dólar. O especialista do banco dinamarquês antecipa um risco de declínio da divisa chinesa de até 5% nos próximos seis meses com o agravamento da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos.

As autoridades chinesas estão a priorizar ambições no sentido de serem "uma âncora do mundo no meio de todo o caos e instabilidade", em vez de utilizarem a moeda para rapidamente darem a volta às tarifas, observou à Bloomberg.

A agência financeira assinala que a visão de Allan von Mehren tem um traço mais conservador do que a daqueles que apontaram que Pequim poderia enfraquecer, de forma deliberada, sua moeda até 30% para compensar o impacto das tarifas que ameaçam colocar em risco o crescimento da segunda economia mundial. 

"A probabilidade de uma desvalorização real é bastante pequena", diz von Mehren, qualificando de "exageradas" as previsões que apontam para quedas abruptas.

Juros da dívida europeia em alta à exceção da Alemanha

A maioria dos juros da dívida europeia, com maturidade a dez anos, prosseguiam a tendência de agravamento, esta sexta-feira, com subidas que oscilam entre 0,5 e 3,7 pontos base, numa altura em que, por um lado, vigora uma pausa de 90 dias nas tarifas dos EUA e contratarifas da União Europeia e, por outro, se assiste a um escalar da guerra comercial entre os EUA e a China.

A Alemanha figurava, no entanto, entre as grandes exceções à regra, estando a ceder ligeiramente. Os juros das "Bunds" alemãs a dez anos, que servem de referência para a região, estavam a descer 0,5 pontos base para 2,570%.

Pleas 10h10, os juros da dívida de Portugal a 10 anos avançavam 1,3 pontos base para 3,204%, os de Espanha 1,4 para 3,324%, enquanto os de França subiam 1,5 pontos base para 3,364%. Já os de Itália escalavam 3,1 pontos para 3,851%.

As "yiels" do Reino Unido subiam 2,1 pontos base para 4,666%.

No mapa da Europa a maior subida dos juros da dívida a 10 anos estava a ser registada na Grécia (+3,7 para 3,530%), enquanto Suíça e Suécia apresentam os maiores alívios (de 3,4 e de 3,6 pontos base, respetivamente).

Retaliação chinesa atira Europa para o vermelho. Lisboa é exceção

As bolsas europeias seguem em perda esta sexta-feira, pressionadas pela retaliação de Pequim ao agravamento das tarifas por parte dos EUA. A exceção é a praça portuguesa.

O Stoxx 600, índice pan-europeu, cai 1,42%, até aos 480,37 pontos e encaminha-se para a terceira semana consecutiva com saldo negativo.

Entre as principais praças europeias, o alemão DAX-30 é o mais castigado, com uma queda de 1,76%. Seguem-se o italiano FTSEMib, que perde 1,72%, e o parisiense CAC-40, que recua 1,57%. Também o espanhol IBEX-35 cai 1,01%. O londrino FTSE é quem menos perde, cedendo 0,54%.

Neste cenário, a bolsa de Lisboa é a exceção ao avançar 0,67%.

Os setores defensivos, como as "utilities" e a saúde eram os poucos que registavam ganhos, enquanto o setor industrial era o mais castigado, com uma queda de mais de 2%.

Após o alívio durante 90 dias nas tarifas dos EUA sobre os países que não retaliem as tarifas impostas por Washington, o foco dos investidores está na escalada da guerra comercial entre a China e os EUA. A Casa Branca aplica atualmente tarifas de 145% aos bens importados da China, enquanto Pequim anunciou esta madrugada que os bens vindos dos EUA sofrerão uma taxa alfandegária de 125%.

Entre os principais movimentos do mercado, a Logitech cai 2,8% após a empresa de produtos tecnológicos ter indicado que as suas previsões para 2026 já não são válidas num contexto de "incertezas contínuas" devido às tarifas.

Taxas Euribor sobem após mínimos de mais de dois anos

A taxa Euribor subiu hoje a três, a seis e a 12 meses depois de na quinta-feira ter atingido mínimos desde janeiro de 2023 e novembro e setembro de 2022.

Com as alterações de hoje, a taxa a três meses, que avançou para 2,279%, ficou acima da taxa a seis meses (2,244%) e da taxa a 12 meses (2,167%).

A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, subiu hoje, ao ser fixada em 2,244%, mais 0,054 pontos.

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a fevereiro indicam que a Euribor a seis meses representava 37,52% do 'stock' de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,50% e 25,72%, respetivamente.

No prazo de 12 meses, a taxa Euribor também subiu, para 2,167%, mais 0,068 pontos.

No mesmo sentido, a Euribor a três meses, que está abaixo de 2,5% desde 14 de março, avançou hoje, ao ser fixada em 2,279%, mais 0,014 pontos.

Em termos mensais, a média da Euribor em março voltou a descer a três, a seis e a 12 meses, mas menos intensamente que nos meses anteriores.

A média da Euribor a três, a seis e a 12 meses em março desceu 0,083 pontos para 2,442% a três meses, 0,075 pontos para 2,385% a seis meses e 0,009 pontos para 2,398% a 12 meses.

Como antecipado pelos mercados, o BCE decidiu em março reduzir, pela quinta vez consecutiva em seis meses, as taxas de juro diretoras em um quarto de ponto, para 2,5%.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, deu a entender que a instituição está preparada para interromper os cortes das taxas de juro em abril.

A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 16 e 17 de abril em Frankfurt.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

MC // JNM

Lusa/Fim

Bons resultados da banca não salvam Wall Street do vermelho "tarifário"
Bons resultados da banca não salvam Wall Street do vermelho 'tarifário'

Com as tensões comerciais entre os EUA e China a ocuparem o palco principal das preocupações dos investidores, os principais índices norte-americanos voltaram a abrir em território negativo. Nem os bons resultados da banca, que ficaram acima das expectativas de mercado, estão a conseguir dar alento a Wall Street, numa altura em que Pequim voltou a retaliar as tarifas de Washington.

Depois de ter afundado mais de 3% na sessão de quinta-feira, o S&P 500 está novamente a registar perdas, caíndo 0,41% para 5.246,68 pontos. Por sua vez, o tecnológico Nasdaq Composite cede 0,13% para 16.365,94 pontos, enquanto o industrial Dow Jones desvaloriza 0,31% para 39.471,32 pontos. 

Apesar de ter voltado a aumentar as taxas alfandegárias sobre produtos norte-americanos, que já estão nos 125%, a China parece ter posto um ponto final na retaliação aos EUA. Em comunicado citado pela Bloomberg, o Ministério das Finanças chinês explica que "já não existe qualquer possibilidade de aceitação pelo mercado dos produtos americanos exportados para a China". Daí, ser inútil continuar a retaliar.

As tensões entre as duas maiores potências económicas do mundo está a ofuscar os bons resultados do setor financeiro. Uma enchente de bancos arrancaram a época de resultados do primeiro trimestre do ano com nota positiva, com o JPMorgan, o Morgan Stanley e o Wells Fargo a registarem todos um aumento nos lucros acima das expectativas dos analistas.

Apesar dos bons resultados, o Morgan Stanley e o Wells Fargo arrancaram a sessão em baixa, a cederem 1,04% e 3,06%, respetivamente. Já o JPMorgan escapa a esta maré vermelha e consegue valorizar 1,66%, depois de ter registado lucros por ação de 5,07 dólares – bastante acima das projeções de 4,55 dólares. Os analistas esperavam mesmo que o banco norte-americano registasse uma quebra no crescimento.

Petróleo prepara-se para fechar semana com perdas de 3%
Petróleo prepara-se para fechar semana com perdas de 3%

O barril de petróleo prepara-se para fechar a segunda semana consecutiva no vermelho, numa altura em que a escalada da guerra comercial entre os EUA e a China tem pressionado bastante os preços da matéria-prima. Esta semana, o Brent – crude de referência para o mercado europeu – chegou a negociar abaixo dos 60 dólares por barril, um terreno que já não conhecia há quatro anos.

Esta sexta-feira, Pequim respondeu, mais uma vez, a Washington com uma nova subida das tarifas. As taxas alfandegárias a produtos norte-americanos já estão nos 125%, mas a nação liderada por Xi Jinping parece ter posto um ponto final na escalada da guerra comercial, ao afirmar que não vai voltar a retaliar.

Neste contexto, o Brent negoceia com ganhos de 0,27% para 63,50 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) – de referência para o mercado norte-americano – acelera 0,37% para 60,29 dólares. Os dois crudes de referência encaminham-se para fechar a semana com perdas de cerca de 3%, após cinco sessões de grande volatilidade e turbulência nos mercados financeiros.

A Energy Information Administration (EIA), gabinete da Administração norte-americana de estatísticas de energia, reviu em baixa as suas estimativas de procura de petróleo no mercado norte-americano em quase 500 mil barris por dia. Uma possível recessão nos EUA, que terá impacto no consumo desta matéria-prima, é uma das principais razões apontadas.

Desde o início do mês, o barril de petróleo já perdeu cerca de 15% do seu valor. A decisão da OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) de abrir ainda mais as torneiras já em maio não ajudou o cenário antagónico global aos preços do crude, numa altura em que Donald Trump também tem apontado para um aumento da produção da matéria-prima em solo norte-americano.

"Este grande nível de incerteza económica é um grande desafio para ativos sensíveis ao cenário macroeconómico como o petróleo. Esperamos que os preços continuem sob pressão", lê-se numa nota da BMI, uma unidade da Fitch Solutions, acedida pela Bloomberg.   

Ouro bate novo recorde e aproxima-se dos 3.250 dólares
Ouro bate novo recorde e aproxima-se dos 3.250 dólares

A onça de ouro continua a bater novos máximos consecutivos. O metal precioso está a beneficiar da sua posição como um ativo refúgio, numa altura em que a turbulência hesita em deixar os mercados financeiros e a China voltou a responder às tarifas de Donald Trump – embora tenha posto um ponto final, para já, na escalada da guerra comercial entre as duas superpotências.

A esta hora, o ouro avança 1,89% para 3.231,02 dólares por onça, depois de ter chegado a crescer até aos 3.244,15 dólares. Só esta semana, o metal amarelo valorizou mais de 6%, apesar de ter chegado a ver o seu valor fraquejar, à medida que os investidores vendiam as suas posições neste ativo para cobrir as perdas no mercado acionista.

"O ouro está claramente a ser visto como o ativo-refúgio predileto, num mercado abalado pela guerra comercial de Trump. O dólar norte-americano desvalorizou e os juros da dívida estão a ser vendidos em força, com a confiança nos EUA como um parceiro comercial a diminuir", afirma Nitesh  Shah, estratega de "commodities" da WisdomTree, à Reuters.

Depois de, em 2024, o ouro ter visto o seu valor escalar 26%, este ano o metal precioso conta já com um saldo positivo de 23%. Entre os catalisadores, conta-se uma combinação de compras de bancos centrais com o aumento das expectativas do número de cortes por parte da Reserva Federal (Fed) norte-americana. A ajudar os preços do ouro estão ainda tensões geopolíticas e um aumento considerável de capital investido em ETF anexados ao metal precioso.

Dólar abranda descida após atingir mínimos de três anos

O dólar abrandou ligeiramente as quedas depois de ter atingido mínimos de três anos contra as principais rivais, num momento em que o forte impacto da política de tarifas da Administração Trump continua a pesar nos ativos dos EUA.

O índice do dólar recua 0,84% para 100,02, depois de ter atingido um mínimo de três anos de 99,314. O euro sobe 1,24% para 1,1328 dólares. Contra o iene e o franco suíço, considerados moedas de refúgio, o dólar cai 0,55% para 143,71 e 0,96% para 0,8164, respetivamente.  

O dólar continua "altamente vulnerável" a mais vendas, refere o analista de moeda do ING Francesco Pesole numa nota citada pelo WSJ. "O colapso do dólar está a funcionar como um barómetro do ‘vender América’ neste momento."

A contínua escalada de tarifas está a prejudicar a moeda norte-americana, depois de a Casa Branca ter clarificado que as taxas sobre a China estão nos 145% e o país asiático ter aumentado as taxas sobre os EUA esta sexta-feira para 125%.

Os dados desta sexta-feira vieram agravar o pessimismo sobre a economia norte-americana, com o indicador de sentimento do consumidor da Universidade do Michigan a cair para a segunda pior leitura de que há registo e as expectativas de inflação de longo prazo a acelerarem para máximos de cerca de 40 anos.   

Juros recuam na Zona Euro. "Gilts" britânicas e "Tresuries" americanas voltam a disparar

Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro encerrão a sessão desta sexta-feira com alívios, com os investidores a procurarem refúgio nas obrigações europeias e a afastarem-se de ativos norte-americanos.

Estes movimentos acontecem numa altura em que a China voltou a retaliar contra os EUA e aumentou as tarifas sobre produtos oriundos da maior economia do mundo para 125%, embora tenha prometido deixar de responder a qualquer retaliação de Washington.

Os juros das "Bunds" alemãs a dez anos, que servem de referência para a Zona Euro, recuaram 1 ponto base para 2,564%, enquanto os das obrigações francesas mantiveram-se praticamente inalterados, cedendo 0,1 pontos para 3,349%. 

Entre os países do sul da Europa, a "yield" da dívida soberana portuguesa, também a dez anos, deslizou 1,6 pontos base para 3,175%, enquanto os juros das obrigações espanholas caíram 1,5 pontos para 3,295%. Já em Itália, a "yield" perdeu 1,1 pontos para 3,809%. 

Estas movimentações constratam com as dos pares norte-americanos e britânicos. Os juros das "Tresuries" dos EUA disparam 10 pontos base para 4,525% - só esta semana cresceram 50 pontos base -, enquanto a "yield" das "Gilts" britânicas escalou 10,5 pontos para 4,751%.

Os investidores estão a reduzir as suas expectativas em relação ao número de cortes que o Banco de Inglaterra (BoE) e a Reserva Federal (Fed) norte-americana devem adotar até ao final do ano. 

Resposta chinesa deixa Europa dividida. Stoxx 600 caiu 2% esta semana
Resposta chinesa deixa Europa dividida. Stoxx 600 caiu 2% esta semana

Depois de terem registado o maior salto desde 2022, as principais praças europeias encerraram a derradeira sessão da semana divididas ente ganhos e perdas. As valorizações de quinta-feira, quando o Stoxx 600 disparou quase 4%, não foram suficientes para deixar o "benchmark" para a negociação europeia com um saldo semanal positivo, com o índice a fechar a terceira semana consecutiva de perdas.

As principais praças da região até arrancaram a sessão no verde, mas o sentimento rapidamente inverteu-se, depois de a China ter decidido retaliar as tarifas de 145% da administração Trump. Pequim respondeu com um aumento das taxas aduaneiras, para 125%, mas prometeu pôr um ponto final à escalada do conflito comercial entre as duas potências.

O Stoxx 600 encerrou, no entanto, a sessão com uma queda pouco expressiva de 0,10% para 486,80 pontos, apesar de grande volatilidade na sessão, trazendo as suas perdas semanais para 2%. O setor imobiliário e as ações de defesa foram os que mais valorizaram esta sexta-feira, num dia marcado pelas quedas do setor industrial.

O cenário de incerteza em torno da política comercial do Presidente dos EUA continua a assolar os mercados globais. Os próximos passos são imprevisíveis e, mesmo a pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas mais elevadas, pode não trazer o alento esperado. "Temos de nos lembrar que são apenas 90 dias e que há uma lista enorme de países na fila para negociar" com Donald Trump nesses três meses, explica Nick Saunders, CEO da Webull UK, à Reuters.

Entre as principais movimentações de mercado, a Logitech caiu 2% para 56,94 euros, depois de a fabricante de eletrodomésticos ter abandonado as suas previsões de venda até 2026, citando a grande incerteza vivida na economia global no momento.

Com a "earnings season" a dar os primeiros passos nos EUA e prestes a começar na Europa, os investidores vão estar a procura de pistas em relação ao impacto das tarifas na rentabilidade das empresas. É um impacto difícil de avaliar, diz Olivier Baduel, analista da OFI Invest AM, à Bloomberg, mas "é ainda muito cedo para ‘buy the dip’ (comprar as ações com desconto)".

Entre as principais praças europeias, Madrid recuou 0,18%, Frankfurt caiu 0,92%, Paris cedeu 0,30% e Milão deslizou 0,73%. Do lado dos ganhos, Londres avançou 0,64%, Amsterdão valorizou 0,04% e Lisboa acelerou 1,81%. 

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