Turbulência política na Alemanha e tarifas deixam Europa sem rumo
Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados desta terça-feira.
- China volta de feriado com ganhos. Dólar reforça-se e Europa segue queda de Nova Iorque
- Euro ganha ligeiramente face a principais divisas
- Procura por petróleo "barato" leva a correção do preço do barril
- China regressa de fim de semana prolongado com apetite por ouro. Metal amarelo salta mais de 1%
- Juros agravam-se por toda a Zona Euro
- Europa mergulha no vermelho após Merz falhar eleição para chanceler. Dax perde 1%
- Euribor desce a três e a seis meses e sobe a 12 meses
- Ameaças de novas tarifas arrastam Wall Street de volta para o vermelho
- Petróleo acelera 4% com perspetivas de queda na produção norte-americana
- Sem acordos comerciais em cima da mesa, dólar segue no vermelho
- Ouro cresce quase 2% com China de volta ao mercado
- Turbulência política na Alemanha e tarifas deixam Europa sem rumo
- Juros agravam-se na Zona Euro. Alemanha em foco
As ações chinesas voltaram de um feriado nacional com subidas, numa altura em que as praças japonesas continuam encerradas.
O dólar subiu com dados económicos dos EUA mais fortes, ajudando a aliviar a valorização excessiva das moedas asiáticas causada pelo otimismo sobre os acordos comerciais com os EUA, levando os bancos centrais de Taiwan e Hong Kong a responder com uma intervenção no mercado. A atividade dos prestadores de serviços norte-americanos acelerou em abril, após uma queda no mês anterior, o que sugere que o setor dos serviços está a manter-se à tona.
"Um pouco de calma antes de outra etapa da tempestade comercial", disse Rodrigo Catril, estratega do National Australia Bank, em declarações à Bloomberg. "Os mercados de câmbio, especialmente os mercados asiáticos, estão a respirar enquanto esperamos por novas informações comerciais dos EUA", acrescentou.
Na China, o Shangai Composite subiu 1% e o Hang Seng, em Hong Kong, acelerou 0,84%.
As atenções dos investidores vão agora para a decisão de quarta-feira da Reserva Federal, depois de os "traders" terem revisto em alta as apostas em cortes de taxas de juro, à medida que a guerra comercial despoletada pelos EUA ameaça atirar a maior economia do mundo para uma recessão e uma escalada da inflação.
Pela Europa, os futuros do Euro Stoxx apontam para uma queda de 0,2%, seguindo a tendência de Wall Street. Os lucros empresariais continuam em foco, e esta terça-feira é a vez da Ferrari e da Continental apresentarem contas.
Apesar de não se esperarem declarações, os governadores do Banco Central Europeu (BCE) reúnem-se hoje em conselho num encontro organizado pelo Banco de Portugal, onde se deverá discutir o futuro da política monetária europeia.
A moeda única europeia está a subir, ainda que de forma modesta, perante as principais rivais.
Os ganhos face à divisa norte-americana são de 0,18%, para os 1,1335 dólares, enquanto em relação à moeda nipónica a valorização é de 0,08%, cotando nos 162,7400 ienes. O euro avança ainda marginalmente perante a moeda britânica com um ganho de 0,02%, até às 0,8512 libras esterlinas.
A maior subida é, no entante, face à moeda helvética. O euro sobe 0,38% para os 0,9339 francos suíços.
O dólar recuperou algum terreno em relação às divisas asiáticas em vésperas de uma reunião de política monetária da Reserva Federal (Fed) norte-americana.
Os preços do barril de petróleo estão a aumentar mais de 2% esta terça-feira, retomando a procura pelo ouro negro numa altura em que o crude está próximo de mínimos de quatro anos.
O West Texas Intermediate (WTI) - de referência para os Estados Unidos - cresce 2% para 58,27 dólares por barril, enquanto o Brent – de referência para a Europa – valoriza 2,03% para os 61,45 dólares.
A recuperação chega numa altura em que os investidores procuram aproveitar os "saldos", dado que a decisão da OPEP+ em aumentar a produção fez o preço do barril cair para níveis de 2021. A quebra de ontem - na ordem dos 4% - fez-se sentir com o mercado a apontar receios para um excesso de petróleo.
"A ligeira recuperação dos preços do petróleo parece mais técnica do que fundamental. Ventos contrários persistentes, incluindo uma alteração crucial na estratégia de produção da OPEP+, procura incerta no meio dos riscos das tarifas dos EUA e a revisão em baixa nas previsões do preço, continuam a pesar no movimento", explica à Reuters o analista Yeap Jun Rong.
Este é o segundo mês consecutivo em que a organização decide aumentar a produção. A partir de junho vai colocar mais 411 mil barris de crude por dia no mercado.
As expectativas dos produtores é que a produção exceda o consumo, isto numa altura em que o ouro negro assume uma perda superior a 20% desde abril, altura em que foram anunciadas as tarifas de Donald Trump.
Os analistas acreditam ainda que o regresso dos investidores ao mercado chinês - que esteve em pausa - tenha aportado a subida, embora as tensões comerciais e o excesso de oferta ainda estejam na lista de principais preocupações.
Os preços do ouro estão a ganhar terreno esta terça-feira, impulsionado pelo regresso da China, que celebrou nos últimos cinco dias um feriado. O gigante asiático, que é o maior comprador do metal amarelo, tem estado a acumular ouro, convicto de que o metal ainda tem espaço para outro "rally".
Mesmo com a força do dólar norte-americano, a onça de ouro sobe a esta hora 1,3% para 3.377,68 dólares.
"Os compradores voltaram aos mercados com a reabertura da China esta manhã", disse Priyanka Sachdeva, analista da Phillip Nova, apesar de acrescentar que a subida do dólar pode limitar a valorização do metal.
O "status" do ouro como um ativo-refúgio tem sido reforçado pelo caos nos mercados financeiros, desencadeado pela política comercial protecionista do presidente dos EUA, Donald Trump.
Os investidores aguardam agora pela decisão da Reserva Federal sobre as taxas de juro desta quarta-feira. Espera-se que os decisores políticos mantenham as taxas inalteradas, apesar de Trump ter aumentado a pressão sobre o presidente Jerome Powell para descer.
Os juros das dívidas soberanas dos países da Zona Euro estão a registar agravamentos esta manhã, num momento em que os investidores se viram para o risco.
Esta terça-feira, Friedrich Merz toma posse como o décimo chanceler alemão. Também hoje os governadores do Banco Central Europeu estão reunidos em Portugal para falar da política monetária do bloco, apesar de não se esperarem declarações públicas.
A "yield" das "Bunds" alemãs a dez anos, que serve referência para a Zona Euro avançam 3 pontos base para 2,544%. Por sua vez, os juros das obrigações francesas com a mesma maturidade sobem 2,8 pontos para 3,262%, a mesma subida registada em Itália, com a "yield" nos 3,629%.
Já na Península Ibérica, a tendência manteve-se, com os juros das obrigações portuguesas e das espanholas a crescerem, ambas, 2,8% para 3,072% e 3,194%, respetivamente.
Fora da Zona Euro, a "yield" das "Gilts" britânicas soma 4,2 pontos para 4,550%, enquanto os juros das "Tresuries" norte-americanas avançam 2,1 pontos para 4,365%.
Os principais índices do Velho Continente no vermelho esta terça-feira, depois de Friedrich Merz ter falhado a eleição para décimo chanceler alemão, por apenas seis votos. A reviravolta inesperada, por não ter conseguido alcançar a maioria, pode atenuar o otimismo sentido na Europa, já que o país planeava aumentar os gastos em despesa e infrestruturas.
Merz tem agora 14 dias para tentar um entendimento que o faça formar governo, podendo ter de recorrer a um parceiro. A notícia fez-se sentir desde logo nos mercados financeiros, com o alemão Dax a ceder agora mais de 1%.
Ao mesmo tempo, os investidores avaliam uma série de lucros empresariais e esperam por potenciais desenvolvimentos nas tarifas, enquanto antecipam a decisão de política monetária da Reserva Federal norte-americana, que será anunciada amanhã.
O anúncio do banco central dos EUA ganha importância crescente, já que os investidores e analistas vão analisar os comentários dos membros da Fed sobre o impacto das tarifas no crescimento económico. Ainda assim, espera-se que o banco mantenha as taxas de juro inalteradas.
O índice Stoxx 600 - de referência para a Europa – perde 0,54%, para os 534,41 pontos e interrompe a subida consecutiva por dez sessões, pressionado sobretudo pelo setor dos "basic resorces", que cai mais de 1%.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o francês CAC-40 desvaloriza 0,6%, o holandês AEX perde 0,24%, o espanhol IBEX 35 recua 0,22%, o britânico FTSE 100 decresce 0,07% e o italiano FTSEMIB recua 0,4%.
As ações europeias recuperaram todas as perdas desde o início de abril, quando o Presidente dos EUA, Donald Trump, fez o anúncio das tarifas recíprocas. A temporada de ganhos tem tranquilizado os investidores até agora, que têm favorecido as ações europeias. Ainda assim, a guerra comercial está a ser enaltecida em alguns relatórios de resultados das empresas.
A Continental sobe 1,5% após ter mais do que duplicado os lucros no primeiro trimestre, uma vez que a sua unidade de peças para automóveis reduziu os custos e as vendas de pneus recuperaram.
Na energia, a Vestas divulgado um salto inesperado nos lucros dos primeiros três meses do ano e soma agora mais de 3%, apesar de ter alertado para a "incerteza global".
Já a Philips perde 1% depois que a empresa holandesa de tecnologia reviu em baixa a previsão de margem de lucro para este ano, justificado pelos custos dos crescentes obstáculos comerciais.
A Ferrari deverá anunciar hoje taxa de crescimento de robustas nos lucros e receitas do primeiro trimestre, comprovando que é pouco afetada pelas tarifas.
A Euribor desceu hoje a três e a seis meses e subiu a 12 meses em relação a segunda-feira.
Com as alterações de hoje, a taxa a três meses, que caiu para 2,143%, ficou abaixo da taxa a seis meses (também 2,145%) e acima da taxa a 12 meses (2,045%).
A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, baixou hoje, ao ser fixada em 2,145%, menos 0,006 pontos.
Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a fevereiro indicam que a Euribor a seis meses representava 37,52% do 'stock' de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável.
Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,50% e 25,72%, respetivamente.
Em sentido contrário, no prazo de 12 meses, a taxa Euribor avançou, ao ser fixada em 2,045%, mais 0,006 pontos do que na segunda-feira.
A Euribor a três meses, que está abaixo de 2,5% desde 14 de março passado, recuou hoje, para 2,143%, menos 0,008 pontos.
Em abril, as médias mensais da Euribor caíram fortemente nos três prazos, mas mais intensamente do que nos meses anteriores e no prazo mais longo (12 meses).
A média da Euribor a três, seis e a 12 meses em abril desceu 0,193 pontos para 2,249% a três meses, 0,183 pontos para 2,202% a seis meses e 0,255 pontos para 2,143% a 12 meses.
Em 17 de abril, na última reunião de política monetária, o Banco Central Europeu (BCE) desceu a taxa diretora em um quarto de ponto para 2,25%.
A descida, antecipada pelos mercados, foi a sétima desde que o BCE iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024.
A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 05 e 06 de junho em Frankfurt.
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
Os principais índices norte-americanos arrancaram a segunda sessão da semana em território negativo, numa altura em que o fantasma da guerra comercial continua a assombrar os mercados. Na segunda-feira, já depois do fecho de Wall Street, Donald Trump voltou a renovar a sua intenção de aplicar tarifas contra o setor farmacêutico, que deverão ser anunciadas nas próximas duas semanas.
A esta hora, o S&P 500 perde 0,89% para 5.603,22 pontos, enquanto o industrial Dow Jones cai 0,74% para 40.914,95 pontos e o tecnológico Nasdaq Composite cede 1,05% para 17.656,77 pontos. Os três principais índices do país já tinham encerrado a sessão anterior no vermelho, interrompendo uma série de nove sessões seguidas com ganhos – um feito não registado há mais de duas décadas.
Com novas tarifas no horizonte, as farmacêuticas estão a ser castigadas em bolsa. A Eli Lilly perde 1,53%, enquanto a Pfizer cede 0,50%, apesar de o setor até estar a beneficiar de uma ordem executiva que reduz o tempo de espera necessário para conseguir aprovação para instalar fábricas de produtos ligados à indústria no país.
Já no setor automóvel, a Ford juntou-se a uma série de fabricantes e decidiu suspender as suas previsões de lucro para o resto do ano. A empresa espera que as tarifas tenham um impacto negativo de 1,5 mil milhões de dólares nas contas da empresa, o que levou os investidores a reduzirem a sua exposição às ações. A Ford perde, a esta hora, 0,54%.
Com as empresas a navegarem com grande cautela este contexto de incerteza, os mercados aguardam com expectativa a reunião da Reserva Federal (Fed) norte-americana que arranca já amanhã. O banco central deve contrariar os desejos da Casa Branca e manter as taxas de juro inalteradas no intervalo entre 4,25% e 4,5%, mas os investidores vão estar particularmente atentos aos comentários do Presidente da Fed, Jerome Powell, logo após a decisão ter sido anunciada.
"Vemos pouca informação a surgir que tenha influência no mercado. Com o mercado laboral robusto, a inflação estável e as perspetivas de acordos comerciais [entre os EUA e os seus aliados], a Fed deve ficar confortável em modo de espera, por enquanto", explicam os analistas do BNP Paribas, numa nota acedida pela Reuters.
De acordo com dados compilados pela LSEG, e citados pela agência de notícias, o mercado vê o banco central norte-americano avançar com, pelo menos, mais três cortes até ao final do ano – acima dos dois previstos no último "dot plot" -, com o primeiro a vir já em julho.
O barril de petróleo está a recuperar de mínimos de quatro anos atingidos na sessão anterior, numa altura em que se antecipa uma queda de produção desta matéria-prima nos EUA. A norte-americana Diamondback Energy, a maior produtora independente da Bacia do Permiano (o campo petrolífero de maior produção do país), reviu em baixa as suas expectativas de extração de crude em 2025, sinalizando uma quebra nos próximos meses.
Neste contexto, o West Texas Intermediate (WTI) - de referência para os Estados Unidos - cresce 4,06% para 59,46 dólares por barril, enquanto o Brent – de referência para a Europa – valoriza 3,72% para os 62,47 dólares. Nas últimas seis sessões, os dois crudes de referência caíram mais de 9%, pressionados por um aumento da produção dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP+) e perspetivas de uma desaceleração económica global.
Os investidores aguardam agora pelo relatório da Administração de Informação em Energia (EIA), a agência de energia dos EUA, que poderá dar força à tese da Diamondback e vai permitir pintar o retrato geral do mercado petrolífero norte-americano. Para já, esta empresa espera que a produção de petróleo caia 10% até ao final do segundo trimestre de 2025.
Este ano tem sido conturbado para o crude. Desde que o Presidente dos EUA assumiu as rédeas do país e começou a introduzir taxas aduaneiras a todos os seus parceiros comerciais, o chamado "ouro negro" tem registado grande turbulência nos preços. Com a OPEP+ a aumentar a produção, o cenário tornou-se ainda mais conturbado, com a Arábia Saudita a sinalizar uma maior abertura das "torneiras" caso certos membros do cartel continuem a não cumprir as quotas.
"O preço ideal para a Arábia Saudita fixa-se nos 90 dólares e a tolerância deste país parece estar a atingir o limite com o petróleo perto dos 50 dólares", explica Razan Hilal, analista de mercados da Forex.com. "No entanto, ganhar alguma quota de mercado ao diminuir os cortes na produção pode vir a ajudar a recuperar destas perdas", conclui.
O dólar continua com dificuldade em recuperar algum do terreno perdido nas últimas semanas. Apesar de até ter arrancado a sessão com alguns ganhos, rapidamente inverteu a tendência da negociação, numa altura em que os investidores aparentam estar impacientes com os prometidos acordos comerciais entre EUA e uma série de parceiros.
A esta hora, o índice do dólar - que mede a força da moeda face às suas principais rivais - recua 0,42% para 99,41 pontos. As divisas asiáticas continuam em foco, depois de o dólar taiwanês ter acelerado para máximos de três anos e registado a maior valorização diária desde os anos 80.
A "nota verde" está a recuperar, em parte, das quedas expressivas da sessão anterior face à moeda da ilha asiática, mas continua com dificuldades face à divisa nipónica. O dólar recua, neste momento, 0,66% para 142,75 ienes.
Na Europa, o euro continua a negociar no verde e cresce 0,34% para 1,1353 dólares, enquanto a libra valoriza 0,56% para 1,3370, dias antes de o Banco de Inglaterra se reunir.
"O otimismo que se viveu a semana passada em torno dos acordos comerciais parece já ter-se desvanecido", começa por explicar Jane Foley, estratega de mercados cambiais do Rabobank. De acordo com a analista, a "impaciência" entre investidores está a crescer, um cenário agravado com a cautela que as empresas têm adotado em relação às suas projeções de lucro.
O ouro está a negociar em território positivo esta terça-feira e a receber impulso da China (o maior comprador desta matéria-prima), depois de os mercados do país terem estado encerrados nas últimas cinco sessões. O metal precioso está ainda a beneficiar do aumento das tensões comerciais entre os EUA e os seus parceiros, com Donald Trump a continuar a anunciar tarifas – desta vez, sobre o setor farmacêutico.
O metal amarelo avança 2,14% para 3.405,21 dólares por onça, atingido máximos de duas semanas. Desde o início do ano, o ouro já viu o seu valor aumentar em mais de um quarto e chegou a ultrapassar a barreira dos 3.500 dólares em abril, antes de perder algum terreno nas últimas semanas, com os investidores a procederem à retirada de mais-valias.
"Este crescimento é explicado, principalmente, pelo aumento de investimento por parte da China, além de um aumento de compras por parte dos bancos centrais que querem reduzir a sua exposição aos ativos norte-americanos – sobretudo o dólar", explica Adrian Ash, diretor de "research" da BullionVault, numa nota acedida pela Reuters.
Os investidores aguardam agora pela decisão da Reserva Federal sobre as taxas de juro desta quarta-feira. Espera-se que os decisores políticos mantenham as taxas inalteradas, apesar de Donald Trump ter aumentado a pressão sobre o presidente do banco central, Jerome Powell, para descer os juros.
As principais praças europeias encerraram a sessão desta terça-feira sem rumo, com os investidores atentos a uma série de resultados trimestrais, aos desenvolvimentos na política alemã e aos avanços e recuos em termos de política comercial nos EUA.
O "benchmark" para a negociação europeia, o Stoxx 600, interrompeu um "rally" de dez sessões consecutivas no verde, ao recuar 0,18%. Os setores dividiram-se entre ganhos e perdas, com o do petróleo e gás a registar o melhor desempenho, num dia em que os dois benchmarks de referência – o West Texas Intermediate e o Brent – crescem mais de 4%.
Os investidores estiveram, especialmente, atentos aos desenvolvimentos políticos na maior economia da União Europeia. Apesar de Friedrich Merz ter conseguido assegurar a sua aprovação como chanceler alemão pelo parlamento à segunda tentativa, o resultado da primeira ronda fez crescer as preocupações em torno da força política do conservador e da agenda que o mesmo pretende implementar no país.
Em reação à aprovação de Merz como chanceler, o principal índice alemão conseguiu reduzir algumas das perdas que tinha registado durante o dia, mas acabou por terminar o dia no vermelho, ao ceder 0,41%. As restantes praças europeias dividiram-se entre ganhos e perdas, com Paris a cair 0,4% e Amesterdão a desvalorizar 0,1%, enquanto Madrid avançou 0,09%, Londres subiu 0,01% e Milão cresceu 0,22%.
Os resultados da primeira votação demonstram como Merz "não pode confiar plenamente nos seus dois partidos de coligação", afirma Holger Schmieding, economista da Berenberg, à Bloomberg. "Isto vai semear algumas dúvidas sobre a capacidade de Merz prosseguir com a sua agenda, prejudicando, pelo menos numa primeira fase, a sua autoridade interna e internacional", completa.
No campo dos resultados empresariais, as companhias continuam a superar as expectativas, mas os sinais de um impacto considerável das tarifas de Trump nos lucros estão a deixar os investidores apreensivos. A Philips reviu em baixa o seu "guidance" para o resto do ano, enquanto a Vestas Wind System assegura que vai continuar a crescer, "apesar de incerteza global" vivida neste momento. As ações da primeira caíram 2,76%, enquanto as da segunda dispararam 8,99%.
Já a Continental avançou 2,40% para 71,78 euros, depois de ter visto os seus lucros mais do que duplicarem no primeiro trimestre do ano, com a unidade dedicada ao fabrico de componentes de automóveis a cortar nos custos e a venda de pneus a recuperar.
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro agravaram-se em toda a linha esta terça-feira, num dia marcado por alguma turbulência política na Alemanha. Esperava-se que Friedrich Merz conseguisse assegurar a aprovação como chanceler do país logo na primeira volta, mas o conservador acabou por levar com um chumbo histórico.
Só no segundo "round" é que Merz conseguiu conquistar a maioria necessária para presidir o próximo governo alemão, levantado dúvidas sobre se conseguirá avançar com as suas promessas eleitorais e os planos de alto investimento em defesa e infraestruturas.
Neste contexto, os juros das "Bunds" alemãs a dez anos, que servem de referência para a região, avançaram 2,3 pontos base para 2,537%, enquanto o cupão das obrigações francesas subiu 2,2 pontos para 3,256%.
Já nos países do sul da Europa os movimentos foram semelhantes. A "yield" a dez anos da dívida soberana portuguesa cresceu 2,2 pontos para 3,066%, enquanto a da espanhola saltou 2,4 pontos para 3,190% e a da italiana cresceu 2,5 pontos para 3,625%.
Fora da Zona Euro, os juros das "Gilts" britânicas regressaram de feriado com um avanço de 0,4 pontos para 4,511%. Por sua vez, o cupão dos "Tresuries" norte-americanos sobe 0,8 pontos para 4,351%.
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