DBRS deverá manter "rating" mas ruído vai voltar
É um dos factores que têm causado grandes oscilações nos juros da dívida portuguesa. Mas os analistas antecipam que o obstáculo da avaliação da DBRS seja ultrapassado esta sexta-feira, o que poderá proporcionar algum alívio às taxas das obrigações nacionais. Mas alertam que mesmo que a ameaça seja contida, mais cedo ou mais tarde, acabará por reaparecer.
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No último mês, as taxas de juro da dívida portuguesa oscilaram ao sabor de comentários feitos por responsáveis da agência. E essa tendência já se tinha observado antes da avaliação anterior da DBRS, em Abril, que deixaria tudo na mesma.
Muito do futuro financeiro de Portugal joga-se nesta decisão. A agência canadiana é a única das quatro consideradas pelo BCE que avalia Portugal em grau de investimento, uma condição definida pelo banco central para incluir títulos de dívida no programa de compras e para os aceitar nas operações de refinanciamento. Tem uma classificação de BBB (baixo), um nível apenas acima do patamar visto como "lixo" pelos investidores. E Mario Draghi foi peremptório esta quinta-feira, ao dizer que num caso de corte de "rating", Portugal perderia a elegibilidade.
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Juros descem com menor probabilidade de corte
No último mês, a taxa portuguesa a dez anos chegou a atingir 3,579%, depois de o economista-chefe da DBRS ter referido ao Financial Times que Portugal estava preso num "círculo vicioso, preso ao baixo crescimento e com grandes problemas estruturais".
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No entanto, a taxa viria a aliviar, principalmente depois de Mário Centeno, que se reuniu com responsáveis da DBRS, se ter mostrado convicto de que a agência iria manter o "rating". Situa-se em 3,211%. "O mercado ficou com uma perspectiva mais confortável sobre a revisão crucial da DBRS, após a posição tranquilizadora do Governo nas últimas trocas de informações com a DBRS."
O consenso dos analistas é de que tendo em conta os seis factores-chave analisados pela DBRS, a agência não deverá ter motivos para baixar a notação. Isto apesar de os comentários recentes de alguns responsáveis da agência terem levantado o risco de uma descida da perspectiva. "Dadas as declarações recentes do economista-chefe da DBRS, não podemos excluir a possibilidade de um corte na perspectiva", refere o Crédit Agricole. No entanto, este banco tem como cenário base que a DBRS deixe tudo na mesma.
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Já o Morgan Stanley realça que apesar das fraquezas apontadas pela agência em relação ao crescimento e à evolução das taxas de juro, "as últimas indicações sugerem que a DBRS ainda está confortável com a situação financeira e política em Portugal".
Ruído da DBRS não irá desaparecer tão cedo
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Apesar da perspectiva consensual ser de que Portugal passará na avaliação da DBRS, os analistas realçam que a ameaça do "rating" não irá desaparecer. "É expectável que ruídos semelhantes sobre o "rating" da DBRS ocorram nos próximos trimestres", referiram os analistas do Crédit Agricole.
Também o Morgan Stanley realça que tanto as agências de "rating" como os investidores "continuarão preocupados sobre a trajectória da dívida no médio prazo, no contexto de um crescimento actual e potencial baixo, a par da vulnerabilidade do sistema bancário, a não ser que o impulso das reformas acelere novamente de forma significativa".
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