Portugal emite 1.260 milhões de euros em nova dívida. Juro sobe na emissão mais longa
O Tesouro nacional pretendia angariar, no máximo, 1.250 milhões de euros a seis e a 27 anos, mas o valor final foi superior. Na maturidade mais curta, o cupão fixou-se nos 2,57%, enquanto na mais longa ficou-se pelos 3,78%.
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Portugal emitiu mais dívida do que tinha inicialmente previsto. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP colocou 1.260 milhões de euros em obrigações do Tesouro (OT) a seis e a 27 anos, tendo conseguido um cupão de 2,57% e 3,78% para cada operação, respetivamente.
Na maturidade mais curta, com fim a 17 de outubro de 2031, foram angariados 650 milhões de euros, enquanto na mais longa, com maturidade a 12 de abril de 2052, foram colocados 610 milhões de euros. O valor total fica acima das expectativas do IGCP, que pretendia angariar entre 1.000 milhões e 1.250 milhões de euros. A procura ficou em níveis diferentes nas duas linhas: na de seis anos mais do que duplicou, fixando-se em 2,09 vezes, enquanto na de 27 anos ficou em 1,93 vezes.
A taxa de juro para a emissão de dívida a 27 anos compara com 3,433% conseguidos no último leilão de OT com a mesma maturidade que se realizou em fevereiro deste ano, um mês antes dos juros das dívidas soberanas da Zona Euro dispararem no mercado secundário na sequência dos planos da Alemanha para financiar o seu plano de investimento em defesa e infraestruturas. É de relembrar que, desde fevereiro, o Banco Central Europeu (BCE) já procedeu a três cortes nas taxas de juro.
No caso da emissão a seis anos é a primeira com esta maturidade em 2025, mas, em maio, o IGCP captou numa emissão a sete anos 548 milhões de euros e o juro fixou-se em 2,714% - um valor que fica acima da operação desta quarta-feira.
"As curvas das taxas de juro nacionais têm estado estáveis e acompanhado a evolução da dívida soberana alemã", começa por explicar Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa. "Portugal por força do seu desempenho económico é dos países da periferia, onde vamos incluir a França, aquele que apresenta atualmente o menor spread versus a Alemanha", indica ainda.
Filipe Silva antecipa "uma descida de taxas de juro por parte do Banco Central Europeu depois do verão, que deverá afetar as taxas para os prazos mais curtos". Já nas taxas de longo prazo, a "pressão por força do investimento anunciado na indústria de defesa, tanto pela Alemanha como por outros países europeus" deverá continuar.
Em mercado secundário, a dívida pública portuguesa segue a negociar com alívios. A "yield" dos títulos com maturidade a seis anos aliviam em 1 ponto base para 2,590%, enquanto a maturidade a 30 anos - a mais próxima - segue a recuar 2,3 pontos-base para 3,920%.
Este é o primeiro leilão de obrigações do Tesouro depois das eleições legislativas e a tomada de posse do Governo de Luís Montenegro. Em meados de junho, o IGCP já tinha também estado no mercado para colocar bilhetes do Tesouro. Na altura, Portugal emitiu 750 milhões de euros em títulos a 11 meses.
(Notícia atualizada com comentários)
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