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Portugal paga juro mais alto desde junho para emitir dívida a 10 anos

Na emissão de obrigações do Tesouro a 10 anos Portugal pagou uma taxa de juro de 0,505%, o que representa o custo de financiamento mais elevado desde junho do ano passado. No duplo leilão de hoje Portugal encaixou 1.250 milhões de euros.

Cristina Casalinho
Cristina Casalinho Miguel Baltazar
12 de Maio de 2021 às 10:46

O IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública realizou hoje um duplo leilão de dívida de longo prazo, tendo suportado os custos de financiamento mais altos desde junho do ano passado, refletindo o agravamento global das taxas de juro das obrigações devido à recuperação da economia e perspetivas de subida da inflação.

 

Foram colocados 551 milhões de euros em títulos com maturidade em 17 de outubro de 2031 (10 anos), com uma yield de 0,505%. Esta taxa compara com o custo de 0,237% da última emissão comparável e é o mais elevado desde que em junho passado o IGCP pagou uma taxa de juro de 0,595% para colocar títulos a 10 anos.

 

O IGCP também emitiu 699 milhões de euros em obrigações do Tesouro a 14 anos (maturidade em 12 de outubro de 2035), tendo os títulos sido colocados com uma yield de 0,841%, que compara com 0,319% na última emissão comparável.

Apesar da subida recente, os custos de financiamento de Portugal estão ainda em níveis historicamente baixos. Em abril do ano passado a taxa suportada pelo IGCP para obter financiamento a 10 anos mais do que duplicava a atual.  

No total o IGCP encaixou 1.250 milhões de euros, tal como tinha previsto. Ao contrário de emissões anteriores, a procura no leilão de hoje foi mais fraca, atingindo 2,47 vezes a oferta nos títulos a 10 anos e apenas 1,68 vezes nos títulos a 14 anos. 

 

Este agravamento dos custos de financiamento do estado português deve-se à subida das taxas de juro a nível global, que refletem a melhoria das perspetivas para a economia global e a previsão de uma aceleração da inflação.

 

Os bancos centrais têm tranquilizado os mercados, assinalando que não esperam uma alteração da atual política monetária ultra acomodatícia, mas as taxas de juro no mercado secundário têm subido para refletir um cenário de aperto da política monetária num futuro mais próximo. No mercado secundário a taxa de juro das obrigações do Tesouro portuguesas a 10 anos está acima de 0,5% e em máximos de junho do ano passado.

 

No início deste ano Portugal conseguiu o feito inédito de obter financiamento nos mercados a taxas negativas na maturidade a 10 anos, mas desde então as yields das obrigações soberanas encetaram uma trajetória de agravamento.

"O prémio de risco de Portugal tem vindo a subir nas últimas semanas, o que acaba por ser um reflexo nas taxas obtidas no leilão de hoje", diz Filipe Silva, assinalando que "Este movimento nas taxas de dívida soberana, não é exclusivo de Portugal, mas sim de toda a dívida soberana, tanto europeia como americana".

 

"As subidas atuais estão a ser monitorizadas pelos Bancos Centrais, não são necessariamente negativas, mas se forem muito rápidas poderão trazer novos problemas, em especial nas economias mais endividadas", ressalva o diretor de Investimentos do Banco Carregosa.

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