Um dos desejos já se concretizou. Na Redacção Aberta no Negócios, ainda candidato à Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa expressou um desejo para que haja duas conjugações no final do ano futebolístico: o Braga vença a Taça e Marcelo, como Presidente, a entregue. Marcelo é esta terça-feira, 9 de Março, empossado Presidente. O Braga vai à final da Taça de Portugal, marcada para 22 de Maio no Jamor, defrontando o Porto. Tradicional, o troféu é entregue pelo Presidente da República.
O desejo futebolístico foi expresso em tom de brincadeira. O agora Presidente garantia, enquanto candidato, que cabe à mais alta figura do Estado "um magistério discreto". Apesar da percepção de que Marcelo Rebelo de Sousa gosta de palco. As iniciativas no âmbito da sua tomada de posse durarão três dias. Mas Marcelo Rebelo de Sousa, assumindo ser tímido e dizendo que em tempos teve dificuldade em lidar com a comunicação social, diz mesmo que "não pode haver o risco do Presidente aparecer numa posição de intervenção tal pública que prejudique o seu lado de magistério discreto". Na altura disse que tinha várias ideias, mas não avançou quais.
Não se alongou no que faria na Presidência, mas deixou claro, em plena pré-campanha, que a prioridade para o país é "recuperar a governabilidade" e avisa: "se nós, de repente, passamos a ter governos de seis meses, um ano, isso é fatal". Garantiu não ser táctico nem estratégico em campanha. E também se recusou dizer em que situações poderia dissolver o Parlamento. "Fazer essa enumeração exaustiva não faz sentido", disse, acrescentando que a dissolução "é um instrumento para se utilizar de forma excepcional".
Mas como antecipava Marcelo Rebelo de Sousa, candidato, que Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente, seria? Próximo dos portugueses, respondeu. "A realidade mais próxima do que estou a pensar são as presidências abertas de Mário Soares, mas o tempo é diferente. Tem quer ser mais permanente, constante. Todas as semanas o Presidente tem de estar em contacto com a realidade da sociedade que está a mexer e está com problemas" .
E como será essa intervenção? Vai falar com os portugueses pela televisão, ao domingo? "Tenho a vaga sensação de que isso seria considerado contrapoder. Tem que se encontrar uma fórmula que não seja perturbadora, uma fórmula adjuvante. No momento em que morre o comentador e começa o Presidente é outro tipo completamente diferente de intervenção. Passo a fazer análises para mim mesmo. Tenho de recolher o máximo de informação, mas só uma parte dela é que vai ser partilhada em trocas de impressões com outros protagonistas políticos. É evidente que há uma responsabilidade acrescida, mas a pessoa não deixa de ser quem é: optimista, alegre, jovial, bem-disposta".
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