A Via Ápia
A Via Ápia era a rainha das estradas. E será nela que se decidirá o futuro do euro. Queiram ou não os alemães continuar com ele. Winston Churchill dizia: "São estranhos estes italianos. Perdem a guerra como se fosse uma partida de futebol e jogam as partidas como se fosse uma guerra". Os italianos afastaram a máquina alemã do final do Europeu de futebol e só não os humilharam porque não quiseram. A final do Euro foi a vingança da doce vida do sul: Espanha contra Itália com um árbitro português. A forma como os italianos venceram a Alemanha no futebol diz muito sobre dois estilos de vida diferente e duas formas de encarar o destino que alguns querem federar. Em nome de uma moeda e de um espaço económico único.
Quando acabou o jogo o mais problemático dos jogadores italianos, Mário Balotelli foi beijar e abraçar a mãe adoptiva. A emoção no sul nunca se vergará à frieza das decisões. A credibilidade do futebol italiano pode estar tão de rastos como a sua economia, mas há um limite para a debilidade. O futebol não é a guerra, nem sequer a guerra por meios pacíficos, mas é um sinal de orgulho. Numa altura em que, em nome da solvência do euro se quer avançar para um Estado federal europeu com um ministro das Finanças comum, a vitória da Itália sobre a Alemanha foi uma vitória da democracia sobre a ideia de um federalismo votado só pela elites em nome da eficiência. Tudo é simbólico. Mas a Via Ápia para uma Europa democrática e economicamente saudável passa pelo bom-senso. E não por uma união feita à força. Com um federalismo criado por interesses puramente financeiros Berlim seria a capital europeia. É isso que os europeus querem?
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