Ousar ganhar, ter dinheiro
Lorde Byron dizia para quem o queria escutar que "o dinheiro vivo é a lâmpada de Aladino". No futebol profissional de hoje sem dinheiro vivo não há desejos que se possam concretizar. O dinheiro está caro e os créditos escassos. E quem não consegue resultados no relvado arrisca-se a ser uma réplica mal feita do rei Midas: transforma ouro em lata. Nas últimas duas décadas o futebol profissional transformou-se. As vitórias servem para as mesmas coisas de sempre (satisfazer o orgulho, fazer delirar os adeptos e agradar aos accionistas), mas é isso que traz o que é fulcral: dinheiro. Nenhum clube é hoje grande se não tiver uma presença na Liga dos Campeões de forma continuada. É isso que traz receitas, publicidade, direitos televisivos, melhores jogadores e melhores negócios de venda. Em Portugal, em média, só dois clubes têm acesso à prova máxima da UEFA. Quem de três, tira dois, sabe o que pode acontecer ao outro.
FC Porto e Benfica são hoje os clubes mais poderosos a nível nacional. O FC Porto é, desde há muitos anos, o porta-aviões do futebol indígena. Gera dinheiro. E isso acalma investidores e bancos. O Benfica foi aprendendo com o FC Porto: endividou-se muito no início, mas os bons negócios dos últimos anos vão permitindo equilibrar as contas. O drama maior chama-se Sporting. As contas da SAD causam um calafrio ao mais frio dos seres humanos. Em termos reais tem empenhado o passado, o presente e o futuro. O passivo é brutal. Os prejuízos subiram em flecha. As receitas futuras estão na loja de penhores. Em termos reais o Sporting vive das boas vontades da banca. E esta, como se sabe, não é neste momento a mais generosa das instituições para emprestar dinheiro. FC Porto e Benfica tornearam esta questão com duas acções decisivas: com vitórias e com vendas lucrativas de jogadores. É isso que lhes permite aceder ao pote do dinheiro. E sonhar com direitos televisivos ímpares. O Sporting não: esqueceu a Academia, fez ziguezagues sem sentido na gestão do futebol e, sobretudo, deixou de vencer para ir à Liga dos Campeões.
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Há solução para isto, para além de começar a vencer jogos? Há. Mas isso requer uma mudança cultural da elite que se julga dona do Sporting apesar de viver do crédito alheio. Mas esse é outro tema. Mais importante é vencer. Se quisermos um exemplo dfe reflexão tomemos o Arsenal. O seu treinador, o inteligente sr. Arséne Wenger, fez a sua equipa, recrutada em jovens promessas, jogar o melhor e mais vistoso futebol em Inglaterra. Mas isso nunca foi transformado em pontos. O Arsenal foi perdendo os diamantes e pressionado por quem tem dinheiro (Manchester United, City ou Chelsea), está a perder a sua aura. Sem vitórias não há dinheiro. E sem este não há poder futebolístico. O Sporting está entre a espada e a parede: os muda e ganha; ou morre.
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