Terá a Spinumviva morrido?
Para o cidadão comum, a sucessão de casos investigados e arquivados não reforça a confiança na justiça nem na política. Pelo contrário, alimenta duas leituras igualmente corrosivas: ou “são todos culpados, mas escapam”, ou “o sistema é incompetente e incapaz de punir”.
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Foi a semana em que Luís Montenegro respirou fundo. As suspeitas que conduziram a longas e aprofundadas averiguações foram arquivadas. A Spinumviva terá morrido, pelo menos para as instâncias judiciais, mas veremos se deixará de ser tema na boca de outros dirigentes partidários ou no apetite voraz de alguns órgãos de comunicação social. Uma coisa é certa. Nas democracias contemporâneas instalou-se um paradoxo inquietante. Nunca houve tantos mecanismos de escrutínio sobre a classe política e, ainda assim, nunca a desconfiança dos cidadãos pareceu tão profunda. A sucessão de investigações judiciais, buscas, detenções mediáticas e processos que acabam arquivados por falta de provas contribui decisivamente para este clima de suspeita permanente, em que a fronteira entre a responsabilidade política, a culpa penal e a perceção pública se torna cada vez mais difusa.