Austeridade escondida na inflação
O pacote anunciado por António Costa para as famílias não esconde o regresso de uma real austeridade escondida sob o efeito da inflação. Os cidadãos sofrem um brutal ataque ao poder de compra, que não é reposto na atualização dos salários ou das pensões.
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Há dez anos, o país vivia em sobressalto cívico com as medidas draconianas impostas pela troika de credores, que cortou salários e tirou rendimentos às famílias. Não faltaram legítimas manifestações de protesto e o tribunal constitucional acabaria por chumbar alguns cortes nas pensões. Este ano com uma inflação galopante, assistimos a novo ataque aos rendimentos, mas o nível de agitação social não tem comparação. O país goza de paz social, a maior parte das famílias vai receber uma quase esmola do Estado: 125 euros por adulto com rendimento inferior a 2.700 euros brutos e 50 euros por filho. 350 euros para uma família com dois filhos como sublinhou o primeiro-ministro, mas este apoio está longe de cobrir a erosão do poder de compra registado. E quem é trabalhador por conta de outrem, entre os quais os funcionários públicos, dificilmente recuperará o poder aquisitivo perdido.
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