Primeira. A “Operação Concerto”, conhecida ontem, podia ser mais uma sobre alegados esquemas para viciar a contratação pública. Três empresas de comunicação – com vários cruzamentos pessoais e profissionais – vão juntas a concursos públicos, em suposta concorrência, perante a total anestesia (na hipótese mais benigna) de quem contrata (a SÁBADO noticiou o caso em 2022). Mas este não é um processo qualquer. Luís Bernardo, uma das figuras no centro, tem ligações fortes à pequena corte do poder, dos partidos (PS, sobretudo) e instituições públicas (autarquias, direções-gerais, tribunais superiores), às empresas, incluindo as de media: presta serviços à Media Capital e a Mário Ferreira, esteve envolvido na operação do fundo das Bahamas na Global Media, assessorou a Cofina (anterior proprietária deste jornal) na compra da Media Capital, tem ligações ao tabloide Tal&Qual. Os artigos que Paulo Curado assinou no Público em fevereiro deste ano sobre Bernardo são um ponto de partida útil para constatar a nossa fragilidade institucional – e para intuir melhor a importância potencial da investigação em curso.