O país não é dos anos 90, mas a fraude também não
O tempo dos empresários que compravam jipes com as verbas do Fundo Social Europeu não desapareceu por completo, mas os esquemas com fundos europeus são hoje menos primários – e mais difíceis de apanhar por entidades públicas demasiado formalistas e sobrecarregadas.
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Era uma vez uma empresa que se candidata a dinheiro europeu com um projecto para financiar a inovação. A empresa diz que encontrou um fornecedor num país europeu avançado – a Alemanha, por exemplo – que vende uma máquina sofisticada que permitiria mais eficiência e menos impacto ambiental. Quando envia a candidatura à entidade gestora dos fundos europeus está tudo certinho: o projecto parece credível, a empresa existe, a consulta ao NIF do fornecedor mostra que este também existe, etc. O dinheiro, uma mão-cheia de milhões de euros, é libertado. Mas o fornecedor não é uma empresa de tecnologia alemã – é um mero armazém ou uma sapataria na Alemanha. E a máquina, se existir, não é bem o último grito da inovação – é obsoleta e em segunda mão. Quando se descobre isto, se se descobrir, já o dinheiro foi gasto. Recuperá-lo será muito difícil.
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