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Economia social: entre a resistência e a construção de utopias reais

"A economia social é uma utopia construtiva levantada contra os excessos do capital e em defesa do trabalho como valor social em si mesmo."

Álvaro Garrido, na introdução ao primeiro volume de ‘Uma história da Economia Social’, discorria assim sobre a temática em análise como foco de resistência e alternativa real à "cavalgada sem freio" de um capitalismo neoliberal, cuja "matéria" excedentária do seu modo de produção são as pessoas, sendo o centro das suas prioridades a maximização do capital.

O neoliberalismo, ampliado no início dos anos oitenta do século vinte e aprofundado com o desmoronamento do bloco soviético no fim da mesma década, criou uma retórica de inevitabilidades sobre um manto de virtudes da economia de mercado, afirmando-se como via de sentido único, um beco sem saída rumo ao "fim da História".

Nesta história sem fim à vista, as desigualdades acentuaram-se, reforçaram-se posições de domínio e as ameaças constantes à Paz são cada vez mais evidentes, corroendo intensivamente os alicerces do edifício democrático em diversas latitudes.

Assumindo as contradições do sistema vigente e os seus impactos sobre a humanidade, urge reforçar uma economia social que tem dado provas de grande capacidade de superação relativamente às variações e choques económicos à escala global, sem ter que dispensar trabalhadores, sem imprimir cortes nos salários, sem encerrar estruturas, e mesmo debaixo do fogo cruzado de uma economia amplamente desregulada, "financeirizada" e especulativa, a economia social não só continuou a existir como a dar respostas de qualidade aos efeitos devastadores de um neoliberalismo sem limites.

A crise estrutural do capitalismo desregulou e flexibilizou o Trabalho, empobreceu e "atomizou" os trabalhadores, reduziu os espaços de sociabilidade, desestruturou as comunidades, diminuiu as possibilidades de participação das pessoas na construção de novas realidades desenhadas, refletivas e projetadas por todos e para todos. Como consequência do esvaziamento de plataformas de diálogo assistimos, no tempo que atravessamos, a um extremar de posições e à ascensão dos populismos a usurpar os valores humanistas inscritos na base genética da economia social.

Importa, portanto, travar esta marcha! Para tal, os organismos de cúpula desta forma alternativa de intervir na economia, que não sacraliza o capital, mas faz dele um instrumento para responder às necessidades concretas das pessoas, terão de reforçar a sua capacidade de disseminar os valores e princípios da economia social junto daqueles em quem se depositam as "ferramentas" que construirão o nosso futuro coletivo – os mais jovens. Na esteira de António Sérgio, será fundamental a introdução de conteúdos sobre a economia social nos vários níveis de ensino.

Para atingir este desiderato, a criação de uma rede de parcerias locais e regionais será determinante para aprofundar matérias centrais ao desenvolvimento "de lógicas que, sendo hoje subalternas e resistentes, antecipam um amanhã por que vale a pena lutar", como sustenta Rui Namorado.

A economia social será sempre uma antecâmara de uma sociedade mais justa e mais participativa, visto que se alimenta de práticas amplamente democráticas fornecendo à democracia novos atores prontos a reescrever continuadamente a História.

III Encontro das IPSS do Alentejo

Realiza-se no dia 3 de janeiro de 2019, em Évora, o III Encontro das IPSS do Alentejo, cujo tema central é "Cooperação – Via de Concertação e de Impacto Social".

Organizada pela União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social de Évora, esta iniciativa decorrerá entre as 10h e as 17h e será encerrada com a tomada de posse dos corpos gerentes daquela entidade. Do programa do Encontro destaca-se a entrevista/debate "O Lugar do Estado no Caminho da Cooperação", a conferência "Os Desafios da Cooperação – Agora e no Futuro" e a mesa redonda "Mais Concertação e Impacto Social".

7.ª Conferência CIRIEC de Investigação em Economia Social

O dia 20 de janeiro de 2019 é a data limite para a entrega de resumos ("abstracts") para participar na 7.ª Conferência Internacional de Investigação em Economia Social do CIRIEC, que terá lugar entre 6 e 9 de junho de 2019, em Bucareste (Roménia).

A Conferência é organizada pelo ‘Laboratorul de Solidaritate’, seção romena do CIRIEC, em colaboração com o CIRIEC Internacional e outras seções nacionais e tem como lema "Economia Social e Solidária: avançando para um novo sistema económico". Os resumos podem ser escritos em espanhol, francês ou inglês. Mais informações em www.solidaritate.eu.

Vice-presidente do Conselho de Administração da Mútua dos Pescadores

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