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Eduardo Cintra Torres eduardocintratorres@gmail.com
18 de Fevereiro de 2015 às 21:20

[598.] Sagres: o "frango" de Rui Patrício

Há "frangos" piores, mas um pontapé trapalhão de Rui Patrício permitiu um golo do Belenenses. Tanto bastou para se singularizar este "frango".

 

Na era dos media instantâneos e da comunicação individual de massas, a falha do guarda-redes do Sporting Club de Portugal tornou-se "tema". Entram em cena os publicitários da cerveja Sagres, patrocinadora oficial da Federação Portuguesa de Futebol, de que Patrício é titular, da Liga, do Clube de Futebol Os Belenenses e do Sport Lisboa e Benfica. Num vídeo de um minuto no site da marca, gozaram em publicidade com o "frango". O vídeo é tão amador quanto as centenas de milhares que amadores partilham nas redes sociais. O "objectivo" era esse. Mas, feito enquanto publicidade, a natureza transforma-se.

[598.] Sagres: o "frango" de Rui Patrício

O vídeo, destinado à Internet, é de péssima qualidade estética, narrativa, inventiva. Se era para ser igual aos dos amadores, mais valia não fazer: é a regra número um ignorada pelos publicitários. O vídeo-anúncio não tem graça nenhuma. Usar imagens dum frango para representar um "frango" é recurso velho, gasto. Mesmo com graça, o anúncio seria eticamente condenável. Trata-se dum anúncio duma marca, não dum vídeo de jovens com pouco na cabeça, mesmo que publicitários. O anúncio visa vender cervejas, logo, tem de respeitar a realidade do mundo real com cuidados diferentes do simples videoamador.

Os publicitários são mensageiros, mas não proprietários das mensagens, tão-só quem as cria para outrem e entrega ao público em nome de outrem, a marca. Devem prever as possíveis interpretações dos espectadores, o que estes não fizeram, numa prova de incompetência profissional absoluta. A responsabilidade final da mensagem recai sobre a marca. Os publicitários e quem na Sagres aprovou isto são os responsáveis pela imagem negativa que recaiu sobre a marca.

Tudo tão absurdo neste caso! Como é possível que a marca faça um anúncio que ostensivamente denigre um jogador que patrocina e um clube com fãs que talvez bebam o seu produto? Como é possível que os publicitários tenham imaginado, filmado, editado, escrito e apresentado à marca e esta aprovasse uma coisa tão incompetente? A irresponsabilidade é uma doença infantil da publicidade contemporânea. Os publicitários só são inimputáveis se tiverem uma mentalidade inferior a 16 anos, como neste caso - mas, mesmo assim, não foram supervisionados por nenhum adulto, na agência e na cervejeira? 

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