Um certo tipo de trabalho
Perguntou um dia um jornalista a Picasso: "Como ser um grande pintor?"
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- "Senta-te…", respondeu Picasso.
- "Ah, o mestre pinta sentado…", comentou o entrevistador, mas Picasso corrigiu: "Não, não; eu pinto sempre de pé! 'Senta-se', é para ouvires o que tenho a dizer."
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Para se chegar ao topo, para se ser muito bom, é preciso trabalhar muito; mas pode não chegar.
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- "De onde vêm as obras-primas?", perguntou ainda o entrevistador, a que Picasso respondeu: "As grandes obras vêm de grandes inspirações; mas é bom que quando a inspiração chega, estejas a trabalhar."
O caminho é o trabalho envolvido e persistente. De excepcionais inatos, de génios à nascença, a investigação não encontra nada. O acaso, as condições físicas ou psicológicas, uma maior predisposição para isto ou aquilo, para a lógica, para a sensibilidade sonora, para o relacionamento social, etc., podem, no entanto, acelerar resultados de uma prática regular. Mas não chegam para se ser excepcional. Nem no trabalho, nem na arte, nem no desporto.
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A excepcionalidade assenta num certo tipo de trabalho. A inspiração que faz a diferença nasce do trabalho dedicado. A experiência, o passar do tempo, só por si, não chega. "É indispensável um certo tipo de estamina, um compromisso forte e constante", comenta Angela Duckworth, na obra "Grit". Os profissionais excepcionais trabalham muito e bem, focados nos detalhes, preocupados em aprender, inovar e melhorar todos os dias. Não apenas melhorar em geral, desenvolver e viver uma cultura de melhoria e inovação, mas também - e decisivo - preocupados em melhorar concretamente nas pequenas acções do dia-a-dia, todos os dias. Escreveu Nietzsche, o filósofo alemão: "Todos os grandes foram grandes trabalhadores; incansáveis não só em inventar, mas também em reprovar, examinar, transformar, ordenar."
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Professor na Universidade Católica Portuguesa
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