A apanha da garrafa
Enquanto andava na apanha da garrafa, a ministra do Ambiente deve ter lido os meus pensamentos, porque nem de propósito veio relançar com três anos de atraso um Sistema de Depósito e Reembolso de garrafas que deverá finalmente começar a funcionar em abril de 2026, mais vale tarde do que nunca.
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Pelos vistos, a emblemática cena de Sousa Cintra a atirar a garrafa de água pela janela do carro enquanto dava uma entrevista em direto à TSF, sem se ter apercebido que o vidro estava fechado, não serviu de lição aos portugueses. Nem deixaram registo na alma nacional os seus protestos difundidos pelas ondas hertzianas – “Que caraças! Agora parti aqui o vidro do meu carro. É pá, que grande porra! Estava a beber uma água. É preciso ser estúpido, pá.” Digo isto porque basta um passeio nas bermas das mais isoladas estradas secundárias para encontrar garrafas de plástico vazias a cada 10 metros, mais recentes ou mais antigas, em bom estado ou já contorcidas pelo sol, num interminável carreirinho de poluição e de pesadelo estético. Concluo que só podem ter sido lançadas de um automóvel, porque por aqueles sítios raramente alguém passa a pé, e consola-me pouco saber que eventualmente algumas já são de material biodegradável, porque não conto cá estar daqui a 50 anos quando finalmente se diluírem na paisagem.
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