Turismo e grandes empresas nacionais
O país está a ser invadido por turistas com baixo poder de compra, que viajam em companhias low-cost, com pacotes de baixo preço. E não se vê nenhum movimento para alterar este paradigma, com a obsessão do apoio às PME, sem capacidade de inovação e de evolução para produtos e serviços de maior valor acrescentado.
Surgiram, recentemente, duas notícias que merecem uma reflexão especial, pelo seu potencial impacto na economia nacional.
A primeira diz respeito ao programa do Governo para relançamento do turismo, com verbas da ordem dos 6 MM euros, provenientes, em grande maioria, do Banco de Fomento.
O Governo anunciou, ainda, neste domínio, que o objectivo de aumento global de receitas deste sector não se fará à custa de mais turistas, mas sim, de melhor turismo, ou seja, com aumento da despesa individual de cada turista que nos visita.
São boas notícias, para o sector, e vão no caminho certo.
As minhas intranquilidades colocam-se ao nível da execução, face ao enviesamento ideológico da extrema-esquerda que nos governa.
Num “ranking” recente, o Algarve surge como o destino europeu mais barato.
Mais barato que a Turquia!
O país está a ser invadido por turistas com baixo poder de compra, que viajam em companhias low-cost, com pacotes de baixo preço.
E não se vê nenhum movimento para alterar este paradigma, com a obsessão do apoio às PME, sem capacidade de inovação e de evolução para produtos e serviços de maior valor acrescentado.
E não se vê, também, nenhum movimento na área dos espectáculos culturais e musicais, tornando Lisboa e Porto destinos atractivos para turistas que não apreciem as tradicionais bebedeiras no Cais do Sodré.
Neste mesmo período, 42 grandes grupos empresariais decidiram associar-se para proporem medidas, ao Governo, que aumentem a qualificação profissional dos trabalhadores portugueses, promovam o aumento da dimensão e robustecimento das empresas portuguesas e reduzam os custos de contexto, repensando o papel do Estado.
Este conjunto de empresas decidiu criar uma nova associação, em detrimento de tentar influenciar as actuais associações e confederações empresariais.
Não é uma decisão prestigiante para estas entidades.
Não posso estar mais de acordo com os objectivos definidos, que venho defendendo há vários anos.
As minhas intranquilidades residem, também, na execução.
Estes objectivos contrariam a actual política do Governo, que nada tem feito neste sentido, verificando-se, inclusive, uma degradação progressiva em todos estes domínios.
Os tribunais administrativos e fiscais continuam a demorar 10 anos para decidir processos sem especial complexidade, os licenciamentos são um calvário, a escola pública – secundário e universitário continuam a descer nos “rankings” nacionais e internacionais, as fusões e aquisições, para aumento da dimensão das empresas, continuam a ter incentivos fiscais negativos.
Está, esta nova associação, disponível para confrontar este Governo de extrema-esquerda, diariamente, realçando todos este aspectos?
Incluindo os grupos empresariais de grande dimensão, que actuam em sectores regulados, com grande e permanente intervenção do Estado?
Espero, sinceramente, a bem do futuro do meu país, que estas minhas intranquilidades não tenham razão de ser.
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