Assalto à mão armada à Bolsa portuguesa
Que investidor estrangeiro quer entrar no nosso mercado quando percebe que uma privatização pode ser revertida?
Os partidos da extrema-esquerda continuam a insistir na nacionalização dos CTT conseguindo, desta vez, recolher alguns apoios no interior do PS. Não vi ainda ninguém explicar como se faria essa nacionalização, mas espero que não seja à moda de Nicolas Maduro, encerrando as portas a cadeado, com as metralhadoras em punho e nacionalizando sem contrapartidas para os acionistas.
É verdade que muitos daqueles que agora defendem a nacionalização foram contra a privatização, mas isso não significa que se possa defraudar expectativas de quem investiu na empresa numa ótica de longo prazo. Não estamos a falar apenas de grandes grupos económicos, estamos a falar também de pequenos acionistas, uma vez mais crucificados por terem tido a heresia de investirem no mercado de capitais. Oh, mortal pecado!
Muitos não entendem como a Bolsa portuguesa não conseguiu ter um desempenho tão bom como a maior parte das Bolsas europeias nos últimos anos, apesar da recuperação económica no nosso país. Boa parte da explicação está nestes autênticos ataques à mão armada de que a praça portuguesa tem sido alvo. Que investidor quer voltar a investir num mercado que o convida a comprar ações de uma empresa que é privatizada e que, 4 anos depois, lhe diz que afinal as ações vão voltar à procedência. E que importantes investidores estrangeiro querem entrar no nosso mercado quando percebem que uma privatização pode ser revertida com a mesma facilidade com que o Cristiano Ronaldo marca um golo?
"O mercado não gosta de quem não gosta dele", escrevi eu depois da improvável subida da "geringonça" ao poder. António Costa tem procurado moderar os desejos da extrema-esquerda mas, à medida que a legislatura se aproxima do fim e Bloco e PCP precisam de mostrar que estão vivos, mais propostas com este vínculo surgirão. E, por mais populares que possam ser, estas propostas têm custos e são autênticos atentados à credibilidade e sustentabilidade da Bolsa portuguesa.
Face à escalada das propostas anti-mercado, qualquer dia sugerirão que se encerre a Bolsa portuguesa, símbolo desse demónio que é o capitalismo. Nesse dia, nas instalações ligadas ao mercado, criarão uma série de institutos públicos pois esses partidos já perceberam que o Estado é o melhor gestor que conhecem e as recentes notícias sobre a Caixa Geral de Depósitos são apenas a prova disso. Só falta amordaçarem e prenderem aquele que vos escreve estas linhas - um defensor da Bolsa e do capitalismo, esses demónios do século XXI.
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Analista Dif Brokers
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