A 1.ª lição de 2020 é a importância da gestão estratégica da incerteza. Os líderes não conseguem prever acontecimentos raros, como uma pandemia, mas devem desenvolver estratégias robustas que possam funcionar em diferentes cenários ou, pelo menos, acautelar os efeitos mais negativos que possam ocorrer. Um euro gasto em prevenção e preparação, mesmo para eventos raros, tem um retorno de mais de mil vezes quando esse evento nefasto e raro acontece. Falhámos globalmente na preparação para uma pandemia, provocando danos humanos e económicos incalculáveis. E uma pandemia, como bem avisou Bill Gates, nunca foi uma questão de “se vai acontecer”, mas sim “quando irá acontecer”. Espero que a lição tenha sido aprendida e seja aplicada em relação a outras crises amplamente anunciadas como a crise climática, a desflorestação e a perda de biodiversidade. O augúrio é positivo. 2020 foi, apesar da pandemia, o ano da afirmação das alterações climáticas como o problema central que o mundo precisa de enfrentar nos próximos anos. O desafio da transição energética já está a alterar profundamente as estratégias empresariais bem como as políticas públicas e de financiamento institucional na Europa. A sustentabilidade ambiental está assim na agenda mundial e é provavelmente o único tema que alinha os interesses da Europa, China e Japão, e que contará também com o apoio da administração Biden em 2021.