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Fernando Braga de Matos
22 de Agosto de 2008 às 11:51

Buffett über alles (ou talvez não)

Há anos, e cada vez mais, não se pode dar um pontapé numa pedra bolsista sem aparecer o santo nome de Buffett. (Malevolamente faço notar que isso só acontece em força quando as coisas dão para o torto; estando os mercados de vento em popa, só surge citado nos círculos para intelectuais do caroço e nas palavras cruzadas do "Wall Street Journal".

Há anos, e cada vez mais, não se pode dar um pontapé numa pedra bolsista sem aparecer o santo nome de Buffett. (Malevolamente faço notar que isso só acontece em força quando as coisas dão para o torto; estando os mercados de vento em popa, só surge citado nos círculos para intelectuais do caroço e nas palavras cruzadas do "Wall Street Journal".

É evidente que se o homem é o mais rico da Terra e o mais bem sucedido investidor de Bolsa "ever" (1), nós, os parolos, só poderemos ter que aprender com ele. Mas, como tudo que há para assimilar, desde da Vinci a Einstein, passando por Hawkings ou Kant, a reverência intelectual só pode ser crítica.

Mesmo quando aparecem grandes sábios e multidões de fãs no aplauso, nada como manter as células cinzentas em acção, como dizia o estimável Poirot. Recordam-se, por exemplo, do nosso prémio Nobel da Medicina, Egas Moniz, obtido graças a uma asneira monumental: a lobotomia. (credo!)?

Na lauda, é como estamos quanto a Buffett: desde manhosos jornalistas financeiros a sumidades da gestão, só falta engraxarem-lhe os sapatos, o incenso é mais que muito. Ainda há dias o gestor dum Fundo asiático pagou um milhão de (desvalorizados) dólares só pelo privilégio de um almoço com conversa para além da casual sobre gajas e futebol.

Mas, perguntar-me-ão: Se o homem puxa dos galões (2) dos resultados, o que há que pensar, senão laudas e tentativa de imitação de métodos?

Pois este atrevido autor, mesmo subjugado pelo fulgor do sucesso do venerável Oráculo de Omaha, sustenta que a estratégia geral de Buffett, de "Value Investing", agindo como se não houvesse mercado ou como se a Bolsa pura e simplesmente fechasse, não é a boa para o investidor individual e que o mercado lhe moldou muitas vezes o destino como a todos que por lá pululam, para não falar do fantástico conjunto de conjugações de oportunidades benfazejas que o catapultaram para o topo... Esta mensagem contra-corrente é, porém, verdadeira, e pensamos demonstrá-la adequadamente, mesmo no rarefeito espaço de três episódios - método iniciado por George Lucas.

Hoje, proponho-me "humanizar" o financeiro, homem de bolsa, porque "super" só mesmo o Clark Kent. Homens extraordinários vai havendo em notável quantidade, já referimos, em todos os ramos, (até os que só são como tal reconhecidos depois de se passarem para o lado de Lá, o que deve ser muito chato para eles).

Mas Buffett, de construção pessoal, só criou uma companhia de seguros, e tudo dentro do capital financeiro, como apontaria um dos meus citados preferidos, Jerónimo de Sousa, o próprio. Onassis, por exemplo, fez um império de supernavios, quando só havia cacilheiros (ou qualquer coisa do género).

Então, o nosso protagonista é tão só um grande financeiro, que vê como poucos o mundo dos negócios. Nasceu para isso, pronto! Não é que preencheu a sua primeira declaração de impostos aos 13 anos?! NOTA - Não perca a continuação desta emocionante novela que possivelmente irá quebrar a hegemonia da TVI. Até ao dia 29.

(1) Aceitável jogador de bridge. Há uns 10 anos joguei contra ele e o parceiro habitual, Bill Gates, sim, ele mesmo (maravilhas da Internet), e apliquei-lhe uma tosa. Acreditam que preferia ter perdido e ganho mais uns múltiplos na Bolsa?

(2) E até das torradas.

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