No meu tempo não era bom
Nos idos da minha pré-adolescência, uma viagem entre Lisboa e Sines, utilizando o transporte público, demorava um dia. O autocarro partia de manhã da Praça de Espanha e chegava ao destino perto do final da tarde. No trajeto pela estrada nacional parávamos em todas as localidades, grandes ou pequenas (o conceito Expresso era inexistente) e a jornada incluía, inclusive, uma paragem em Santiago do Cacém para almoço do motorista.
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Os da minha idade lerão este preâmbulo encontrando semelhanças com experiências então vividas, os mais novos poderão oscilar entre o espanto e a consideração de que se trata de uma conversa da treta, pela simples razão de que lhes é impossível identificarem-se com algo que nunca viveram. Essa longa viagem (que para um pré-adolescente parecia interminável) marca um tempo que visto em retrospetiva era também uma imagem do atraso do país.
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