A guerra dos 140 caracteres
"Há acordo". "Tudo preparado". "A Europa é forte". No dia-a-dia da história das negociações com a Grécia, em especial na madrugada de 13 de Julho, uma batalha de "tweets" e "retweets", feita de ataques rápidos e retórica inflamada, evidenciou o terreno-estrela desta "guerra" mediática. O Twitter. Pode a rede social dos 140 caracteres ditar decisões políticas? De que forma a percepção pública gerada através do Twitter pressionou o "desenlace grego-europeu"?
- Partilhar artigo
- ...
"Agreement"!, anunciava, às 7h39 da manhã do dia 13 de Julho, Charles Michel, primeiro-ministro da Bélgica, logo após o final das negociações para o terceiro resgate à Grécia. Mais uma vez, o Twitter foi terreno-estrela na batalha mediática entre credores europeus e o governo grego. Uma disputa que começara a ganhar corpo meses antes. Yanis Varoufaquis, o ex-responsável pela pasta das Finanças grego, foi, ao longo do processo negocial, um "ministro-bomba" no "timeline" da rede social dos 140 caracteres. Ministros, primeiros-ministros, assessores, jornalistas, cidadãos que, de anónimos, passaram a ter milhares de seguidores, usaram e reusaram esta via instantânea de comunicação. Deram notícias, desmentiram-nas, relataram reuniões em tempo (quase ou mesmo) real. Ataques e contra-ataques em catadupa que colocaram os bastidores das negociações na ribalta. O volume da retórica política aumentou, e muito. O "minuto a minuto" ganhou peso nos "sites" dos jornais, que passaram a difundir esses "tweets", tornando-os virais. As perguntas impõem-se: pode o Twitter ditar decisões políticas? De que forma a percepção pública gerada na rede social pressionou o "desenlace grego-europeu"? As negociações do acordo da Grécia teriam sido diferentes sem o Twitter?
Mais lidas