África do Sul: Uma nova madrugada?
África voltou a estar na radar dos Estados Unidos da América, o que significa uma mudança de posicionamento do próprio Donald Trump. A substituição de Jacob Zuma por Cyril Ramaphosa na liderança da África do Sul faz parte do novo jogo de xadrez que se disputa neste continente.
- Partilhar artigo
- ...
A África do Sul, um quarto de século depois do fim do "apartheid", continua a navegar à deriva, entre um passado colonial doloroso e um outro, pós-colonial, onde a autoridade moral dos que combateram a supremacia branca se desvaneceu. Não há idades de ouro para celebrar. Hoje o ANC (Congresso Nacional Africano), herdeiro do legado de Nelson Mandela, é visto, em muitos círculos, não como o partido da mudança anunciada, mas como um clube de figuras bem relacionadas que permitiu o enriquecimento de alguns. Enquanto a sociedade espera. A resignação do Presidente Jacob Zuma e a sua substituição pelo veterano da política do ANC (e, depois, empresário milionário), Cyril Ramaphosa, abre uma espécie de derradeira oportunidade para o partido que está no poder desde que a maioria negra ascendeu às rédeas das decisões. Talvez não seja um acaso esta mudança, que além da complexidade da política interna, pode ter que ver com o movimentado jogo de xadrez das grandes potências em África desde que a China começou a apostar a sério no continente, através de uma agressiva política de empréstimos e de concretização de infra-estruturas. A nova administração norte-americana, de Donald Trump, parecia estar motivada para desistir de África que via apenas como uma fonte de gastos. Ramaphosa foi saudado como um "líder pró-mercado" e o rand teve uma valorização após ter acedido ao poder. Ou seja, o Ocidente, que desconfiava de Zuma, vê no novo Presidente sul-africano um aliado neste novo jogo de poder em África.
Mais lidas