Casablanca, em 1942, tinha vista para Lisboa. No filme de Michael Curtiz, Humphrey Bogart e Ingrid Bergman defrontam-se com o amor, o destino e a resistência aos nazis. No último momento, Rick coloca Ilsa num avião da Aero Portuguesa para Lisboa, dizendo-lhe que ela se iria arrepender se ficasse. O porto de abrigo e de salvação era Lisboa. Para quem vivia em Casablanca ou para quem queria sair da Europa, rumo ao sonho de liberdade nos Estados Unidos (ou nas Américas), a capital portuguesa era uma ilha da liberdade. Lisboa, em 1942, transformava-se. Não apenas por acção dos refugiados, que iriam modificar as rotinas e os costumes citadinos, mas também resultado de uma série de jovens quadros que o Estado Novo fazia chegar ao círculo do poder. A ironia é que Lisboa, nesse tempo, não tinha um aeroporto digno desse nome.