Os vinhos são portugueses, a inspiração é estrangeira
E o resultado final são duas marcas que homenageiam com dignidade a figura de José Manuel de Mello.
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Dez minutos depois de começar uma conversa telefónica com Pedro Pereira Gonçalves, fiquei com a ideia de que o timbre de voz não batia certo com as experiências profissionais que me contava. Havia um desfasamento. O actual enólogo dos vinhos Monte da Ravasqueira (família José Manuel de Mello) parece, ao telefone, um miúdo entusiasmado que acabou de arranjar um estágio, mas - vamos a ver - já passou por empresas como a Herdade do Esporão, a VDS, a Malhadinha Nova, Val D'Algares e, pelo meio, vindimas feitas na Nova Zelândia, na Austrália e no Chile, onde aprendeu e viu que certos trabalhos na adega ficam mais baratos e bem feitos quando executados na fase da lua cheia... De maneira que, dez minutos depois do início da conversa, perdi a vergonha e perguntei-lhe pela idade. Ele, muito rápido: "Ah 33 anos". Estão a ver aquela lengalenga da "geração de jovens portugueses mais bem preparada de sempre"? Não é cliché. É mesmo verdade. Noutros tempos, o máximo que um enólogo de 33 anos conseguiria fazer era lotes numa adega cooperativa com a supervisão de um professor universitário e, quiçá, com sorte, ter viajado até Bordéus. Hoje, é o que se vê. Quando fez vinhos na Nova Zelândia, Pedro Pereira Gonçalves tinha 27 anos.
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