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Retrato de uma Raia grisalha

Idanha-a-Nova, Vila Velha de Ródão e Penamacor. Três concelhos plantados na nuca de Portugal, três das 77 localidades nacionais com mais reformados do que trabalhadores no ativo, dizem os números do Instituto da Segurança Social (ISS). Trabalho até vai havendo, garantem os locais, mas a mão-de-obra foge para o litoral, em particular para o nariz do país. Os verbos da Raia conjugam-se no passado. É um sítio que foi e que sonha em voltar a ser.

Edgar Martins
01 de Junho de 2019 às 11:00
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Há 20 anos, a Rua do Pendericão, em Idanha-a-Nova, era trilhada por mais de uma dezena de crianças, todos os dias; a intensidade do trote dos pés na calçada era prenúncio de balbúrdia certa. "Éramos tantos que até batíamos uns nos outros. As mulheres fartavam-se de discutir com a canalha", recorda José Crespo, 70 anos, reformado. Em 2019, o silêncio impera. A maior parte das casas e vias adjacentes estão vazias. "Aqui não se vê ninguém. Agora não há emprego, não há nada. As pessoas têm de ir para outros meios", diz, evocando o seu caso: em sete filhos, apenas dois vivem no concelho. Dados do Instituto da Segurança Social (ISS), divulgados na semana passada, contam uma história paralela à de José: dos 278 concelhos de Portugal continental, 77 têm mais população reformada do que a trabalhar. Em Idanha-a-Nova, há 1.783 trabalhadores para 2.688 pensionistas. Antónia Ranheta, 80 anos, que mora cinco portas ao lado de José, também garante: "Havia aqui malta e malta."

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