O poder necessita de mitos. E agora que a campanha eleitoral britânica arranca, rumo às eleições de 7 de Maio, as certezas sobre o mito que os cidadãos desejam para o nº10 de Downing Street são ainda frágeis. Por um lado o populismo ganha força tal como a descrença sobre a classe política britânica. O documentário que passou na televisão, onde dois antigos ministros, um conservador e outro trabalhista, Malcolm Rifkind e Jack Straw, eram aliciados e mostravam vontade de ir trabalhar como consultores para uma falsa empresa chinesa, foi mais um duro golpe na reputação dos dirigentes. Como pano de fundo ainda temos a questão europeia, cada vez menos forte, mas que se confunde com o debate sobre a emigração. De alma a Grã-Bretanha parece fora desta Europa e só o corpo (sobretudo os interesses da City) parece ter dúvidas se um cada vez maior esfriamento da ligação à União Europeia não será mau para os negócios financeiros.