Caríssimos senhores do Observador, estou rendido ao vosso jornalismo de investigação, que vai buscar a sua inspiração a séries como CSI, NCIS e Mentes Criminosas ou, simplesmente, ao anúncio de promoção da nova temporada de O Mentalista, combinando estas práticas com os princípios fundadores da semiologia, a magnífica ciência dos sinais cuja paternidade é atribuída a Ferdinand de Saussure.

Mais do que rendido, tenho de confessar, sinto uma incomensurável inveja por não ter sido o precursor desta magnífica disciplina que consiste em analisar uma fotografia, revelando coisas que não se detectam numa avaliação superficial. Se fosse Roland Barthes a realizar esta tarefa, diria ele que a demanda se basearia na procura de sucessivos "punctum", isto é, nos acasos com que uma determinada fotografia nos fere.