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Corto Maltese, o marinheiro eterno

"Sous Le Soleil de Minuit", a última aventura de Corto Maltese, é um digno herdeiro do legado do seu criador, Hugo Pratt.

09 de Outubro de 2015 às 16:00
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Como dizia Hugo Pratt, relembrando os primórdios da sua vida e da sua família, "conheço treze maneiras de contar a minha vida. Hoje, escolho a sétima, por amor ao número sete, que é também o do gato: o gato tem sete vidas, e para conhecer a sétima tem pois de morrer seis vezes. Há quem diga que os gatos têm nove vidas, mas a versão segundo a qual têm sete parece-me superior, porque se trata de um número cabalístico: o das sete portas, das sete chaves, cuja última abre o paraíso terrestre." Com o regresso de Corto Maltese, prova-se que ele é como os gatos: tem sete ou mesmo nove vidas. Talvez sete, porque o marinheiro sem barco, sempre em busca de um destino que se recusa a conhecer e escondendo um segredo que nunca desvenda e do qual parece fugir, é um nómada cabalístico. Poderia ter-se dúvidas, mas "Sous le Soleil de Minuit" (ed. Casterman, 2015), de Juan Díaz Canales (argumentista, conhecido pelo excelente "Blacksad") e Rubén Pellejero (desenho), é um digno herdeiro do legado de Hugo Pratt. E do mundo que influenciou o criador italiano, ou seja, do grafismo de Milton Caniff e do universo cultural do argumentista argentino H. G. Oesterheld. Ressuscitado, Corto Maltese parece nunca ter desaparecido da nossa memória. O seu mundo não é, claramente, o nosso: no seu não há fronteiras e há homens livres. Mas Corto Maltese é o observador arguto de muitas histórias que se desenrolam à sua frente. E "Sous le Soleil de Minuit" comporta-se como um poderoso sucessor de "Mu", o último criado por Hugo Pratt, em que Corto procurava o continente perdido onde nascera a humanidade. E onde, no final, o marinheiro olhava para o infinito do oceano.

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