O que acontece a seguir à morte do Papa e como é eleito o sucessor

A morte de um Papa desencadeia um processo solene e rigoroso no seio da Igreja Católica, pautado por séculos de tradição. Desde a confirmação oficial do óbito até à eleição de um novo líder espiritual para os mais de mil milhões de católicos em todo o mundo, o ritual está cuidadosamente definido. Saiba o que acontece passo a passo.
Gregorio Borgia/AP
Marta Velho 21 de Abril de 2025 às 10:48

O Papa Francisco morreu esta segunda-feira às 07h35 (hora local), após 12 anos de pontificado.

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Logo após a morte do Sumo Pontífice, cabe ao Camerlengo, cardeal com funções administrativas durante o período de transição, confirmar oficialmente o falecimento. A tradição dita que chame três vezes o nome de batismo do Papa antes de declarar o óbito.

Segue-se o selamento dos aposentos papais e a destruição do Anel do Pescador, símbolo do poder pontifício. Inicia-se então o período de luto oficial, com a celebração de nove dias de missas fúnebres, os Novemdiales. O funeral, normalmente realizado entre o quarto e o sexto dia após a morte, decorre na Praça de São Pedro, reunindo líderes religiosos e chefes de Estado de todo o mundo.

Com o falecimento do Papa, a Santa Sé entra em sede vacante – expressão latina que significa "cadeira vazia". Durante este período, o governo da Igreja é assumido interinamente pelo Colégio dos Cardeais, que prepara o processo de eleição do novo Papa.

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Entre o 15.º e o 20.º dia após a morte, inicia-se o Conclave, a reunião secreta onde os cardeais com menos de 80 anos escolhem o novo Sumo Pontífice. Reunidos na Capela Sistina, os cardeais são isolados do mundo exterior até ser tomada uma decisão.

No total, o colégio cardinalício tem 252 elementos, 135 dos quais são eleitores (com menos de 80 anos), uma lista que inclui, pela primeira vez, quatro portugueses com poder de voto, Manuel Clemente, António Marto, Tolentino de Mendonça e José Aguiar. Francisco deixa um Colégio Cardinalício mais global, menos europeu e menos italiano, retomando a tendência de Paulo VI e João Paulo II, interrompida por Bento XVI.

Fumo branco: temos Papa

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As votações decorrem em segredo, podendo haver até quatro por dia – duas de manhã e duas à tarde. Para ser eleito, o novo Papa precisa de obter uma maioria qualificada de dois terços dos votos. Após cada escrutínio, os boletins são queimados: fumo preto indica que ainda não houve consenso; fumo branco anuncia que o novo Papa foi escolhido.

Concretizada a eleição, o cardeal escolhido é questionado: "Aceita a sua eleição como Sumo Pontífice?" Se aceitar, escolhe um nome papal, vestindo de seguida a batina branca na chamada Sala das Lágrimas.

Minutos depois, apresenta-se ao mundo a partir da varanda central da Basílica de São Pedro, com a tradicional proclamação: "Habemus Papam!"

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