Emigração agrava envelhecimento da população em Portugal

O saldo migratório manteve-se, em 2013, em terreno negativo. Foi o terceiro ano consecutivo, ainda que até tenha abrandado a queda face ao ano anterior. Há mais emigrantes mas o número de imigrantes também aumentou no ano passado.
Bruno Simão/Negócios
Diogo Cavaleiro 16 de Junho de 2014 às 13:48

Há menos crianças a nascer em Portugal. As pessoas vivem mais tempo, com esperança de chegarem, em média, aos 80 anos. Estas são duas razões que levaram à quebra da população em Portugal e, nos últimos anos, a um agravamento do envelhecimento demográfico. Contudo, "mais recentemente", há um novo factor a ditar esta evolução: o "impacto da emigração", como se refere o Instituto Nacional de Estatística (INE) nas estimativas de população residente em Portugal, divulgadas esta segunda-feira, 16 de Junho.

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A emigração tem uma palavra a dizer no envelhecimento que se vive em Portugal e que faz com que haja um estreitamento da população mais jovem e um alargamento da mais idosa. Entre 2003 e 2013, o número de pessoas com idade igual ou superior a 65 anos aumentou, evolução contrária aos jovens com menos de 15 anos e à população em idade activa (15 aos 64).

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A população emigrante é, normalmente, aquela que se encontra em população activa sendo que também é aquela em que as mulheres estão em idade fértil. O que, juntamente com o saldo natural mais negativo (mais nascimentos, menos mortes), faz com que a população portuguesa tenha registado uma taxa de crescimento efectivo negativa de 0,57% para 10.427.301 pessoas. 

 

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Emigrantes permanentes em máximos

 

Em 2013, o número de emigrantes permanentes (quem emigra com intenção de ficar mais de um ano no país receptor) fixou-se em 53.786. No ano anterior, encontravam-se 51.958 pessoas nessa situação. Em 2010, o número rondava os 20.000. A emigração foi um dos factores que ganhou dimensão com a crise financeira portuguesa dos últimos anos, já que as medidas de constrangimento orçamental (austeridade) impostas em Portugal tiveram um forte impacto no mercado de trabalho, levando a uma subida do desemprego. A ida para outros países foi uma das soluções encontradas para escapar a essa realidade.

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Como, em 2013, o número de imigrantes permanentes (pessoas que vêm viver para Portugal por mais de um ano) subiu ligeiramente face ao ano anterior, fixando-se em 17.554 pessoas, o saldo migratório (que marca a diferença entre imigrantes e emigrantes) melhorou. No entanto, manteve-se em terreno negativo, como ocorre desde 2011. Ficou em -36.232.

 

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2010 foi, aliás, o último ano em que eram mais os imigrantes permanentes do que os emigrantes. Desde aí, o saldo migratório tem sido negativo, ou seja, saem mais portugueses do país do que a população que entra pelas fronteiras nacionais.

 

O INE faz ainda uma ressalva: há que juntar aos emigrantes permanentes os congéneres temporários. Neste caso, os emigrantes temporários são aqueles que saem do país com a intenção de regressar no período máximo de um ano. "Faz-se notar que o número estimado de emigrantes temporários continua a ser superior ao de emigrantes permanentes, situando-se em 74.322, um aumento de 7% face ao valor estimado para 2012 (69.460). Por definição os emigrantes temporários fazem parte da população residente pelo que não integram o saldo migratório anual", aponta o destaque.

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Juntando-se as duas rubricas, há 128.108 emigrantes portugueses. Um número que não se encontra na série histórica do INE, disponibilizada pelo Pordata.

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