João Soares deixa de ser ministro da cultura quatro meses após assumir o cargo
João Soares, ministro da Cultura, apresentou a demissão deste cargo ao primeiro-ministro, António Costa, segundo avançou esta sexta-feira, 8 de Abril a agência Lusa. Em comunicado enviado a esta agência, João Soares explica esta decisão com a "solidariedade" face ao Executivo que integra desde 26 de Novembro do ano passado, dia da tomada de posse do Governo socialista liderado por António Costa.
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Pouco depois de ter sido tornado público este pedido de demissão, às 13:15 o primeiro-ministro anunciou, no Porto, que aceitou "naturalmente" a demissão de João Soares dizendo que agradece "profundamente a colaboração, empenho e energia que colocou no exercício das funções de ministro da Cultura". Soares deixa assim a pasta ministerial da Cultura ao fim de pouco mais de quatro meses na função.
"Torno público que apresentei esta manhã ao senhor primeiro-ministro, António Costa, a minha demissão do XXI Governo Constitucional. Faço-o por razões que têm a ver com a minha profunda solidariedade com o Governo e o primeiro-ministro, e o seu projecto político de esquerda", salienta João Soares no comunicado enviado à agência Lusa.
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No referido comunicado, João Soares realça o "privilégio" que consistiu em fazer parte deste Governo nos últimos quatro meses. "E ter trabalhado com o primeiro-ministro, a quem agradeço a confiança. Demito-me também por razões que têm a ver com o meu respeito pelos valores da liberdade. Não aceito prescindir do direito à expressão da opinião e palavra", disse ainda o antigo presidente da câmara de Lisboa.
Esta quinta-feira logo ao início da manhã, João Soares escreveu na sua página da rede social Facebook que devia "duas bofetadas salutares" ao crítico Augusto M. Seabra e também a Vasco Pulido Valente. "Só lhes podem fazer bem. A mim também", escreveu ainda Soares que lembrou ter prometido publicamente essas bofetadas a Angusto M. Seabra em 1999 e lamentando não ter tido desde então oportunidade de cumprir a ameaça.
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Seabra reagiu classificando de "inqualificável" a ameaça feita pelo ministro da Cultura em reacção "àquilo que é um exercício legítimo de um texto de opinião". É uma reacção que "atenta contra a liberdade de expressão e os direitos constitucionais dos cidadãos", disse Augusto M. Seabra. Já Pulido Valente, em declarações feitas ao Expresso, limitou-se a dizer que ficaria a aguardar pelas veladas bofetadas.
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Também ao Expresso, que pediu uma reacção do ainda ministro ao caso, João Soares respondeu: "Sou um homem pacífico, nunca bati em ninguém. Não reagi a opiniões, reagi a insultos. Peço desculpa se os assustei".
E já ao final do dia, também numa nota enviada à Lusa, Soares voltava a pedir desculpa, desta feita já num tom menos irónico. "
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António Costa viria depois a terreiro, ainda esta quinta-feira, para ele próprio pedir desculpa em nome do Governo. "Tanto quanto sei, o doutor João Soares já pediu desculpa aos visados pela forma como se expressou. Eu pessoalmente quero também expressar publicamente desculpas a duas pessoas, a Augusto M. Seabra, por quem tenho particular estima, e a Vasco Pulido Valente, por quem tenho consideração", disse em declarações feitas à entrada do Teatro da Comuna, em Lisboa.
Costa aproveitou ainda a ocasião para notar ter recordado "aos membros do Governo que, enquanto membros do Governo, nem à mesa do café se podem deixar de se lembrar que são membros do Governo e portanto devem ser contidos na forma como expressam as suas emoções". Quem também já reagiu à demissão de João Soares foram os visados pela ameaça do agora ex-ministro. Contactos pela Lusa, os dois críticos consideraram esta decisão acertada. Augusto M. Seabra diz ter tomado conhecimento da demissão "com alguma surpresa", avaliando-a como "saudável" e "a melhor do ponto de vista ético". Já Pulido Valente garante não ter recebido a notícia com surpresa porque Soares "não tinha outra saída".
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Quem também já reagiu à demissão de João Soares foram os visados pela ameaça do agora ex-ministro. Contactos pela Lusa, os dois críticos consideraram esta decisão acertada. Augusto M. Seabra diz ter tomado conhecimento da demissão "com alguma surpresa", avaliando-a como "saudável" e "a melhor do ponto de vista ético". Já Pulido Valente garante não ter recebido a notícia com surpresa porque Soares "não tinha outra saída".
Costa entrega "nos próximos dias" ao Presidente o nome do substituto de Soares
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Após ter agradecido os préstimos dados por João Soares ao XXI Governo Constitucional, António Costa disse esta manhã no Porto, ladeado pelo presidente da câmara local e vereador, Rui Moreira e Manuel Pizarro, que "respeito e aceito a avaliação que [João Soares] fez das condições que tinha para exercer essas funções" de ministro da Cultura.
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Considerando que não "seja urgente resolver o problema na próxima meia hora", o primeiro-ministro disse que "nos próximos dias entregarei ao Presidente da República o nome de uma personalidade que substituta o doutor João Soares".
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Em jeito de nota final, António Costa referiu-se a Soares como "um dos grandes vereadores da Cultura [que passou pela] câmara municipal de Lisboa" e disse acreditar que se o ex-ministro "tivesse tido a oportunidade de desenvolver o seu trabalho durante quatro ano" poderia ser encarado pelo país "como um grande ministro da Cultura".
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(Notícia actualizada pela última vez às 13:47)
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