Evasão fiscal reacende tensões entre Alemanha e Suíça
Justiça suíça emitiu mandados de captura contra três inspectores fiscais alemães por suspeita de espionagem. Em causa estão as circunstâncias em que, em 2010, foi comprado um CD com informação roubada do Credit Suisse.
“Absolutamente inaceitável”, protestou o ministro alemão do Ambiente, Norbert Röttgen. Mais conciliador, o ministro das Finanças Wolfgang Schäuble (na foto) afirmou hoje que a “Suíça é um Estado de Direito, como nós somos, pelo que não faz qualquer sentido estar a alimentar recriminações”.
O caso remonta a 2010, quando inspectores fiscais da Renânia do Norte-Vestefália foram autorizados pelo Governo de Berlim a adquirir, por 2,5 milhões de euros, um CD com informações sobre mais de um milhar de cidadãos alemães que refugiavam as suas poupanças no banco suíço, aproveitando o proverbial sigilo helvético para escapar ao pagamento dos impostos devidos.
A decisão do Procurador-geral suíço de emitir mandados de captura decorre da suspeita de que os fiscais alemães não tenham agido passivamente, limitando-se a comprar infirmação roubada – o que era, já de si, controverso - mas tenham infiltrado agentes seus no banco.
Já na altura, a decisão criou fricções no governo de coligação de Angela Merkel, com a CDU da chanceler a defender a compra de informações que teriam sido roubadas por um antigo funcionário do Credit Suisse, ao passo que os liberais (FDP) mostravam ter maiores reservas sobre esse expediente de luta contra a evasão fiscal.
Um expediente que acabou por render – e bem. Segundo relata a revista alemã “Der Spiegel”, mais de uma centena de infractores foi condenada, e a mera notícia de que o fisco alemão tinha em mãos um CD com mais de 1.500 nomes fez com que mais de seis mil contribuintes declarasse voluntariamente rendimentos anteriormente não reportados, gerando uma onda de remorsos que fez entrar 300 milhões de euros nos cofres do Estado.
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