PS quer Fisco a investigar amnistias fiscais
Os três perdões fiscais decididos entre 2005 e 2015 permitiram legalizar seis mil milhões de euros escondidos no estrangeiro e amnistiaram os crimes fiscais associados.
O Bloco de Esquerda apresentou uma proposta de alteração ao Orçamento do Estado de 2019 relativa aos RERT - os Regimes Excepcionais de Regularização Tributária lançados em 2005, 2010 e 2012. Uma proposta que, segundo o Expresso, terá a aprovação do PS, pelo menos em parte. O objectivo é que o Fisco passe a ter poderes para investigar estas amnistias fiscais.
Os formulários de adesão a estas amnistias estão nas mãos dos bancos e do Banco de Portugal e só podem ser acedidos pelo Ministério Público mediante a autorização de um juiz. Actualmente, o Fisco não só não tem acesso a eles como não tem meios para saber se a declaração de regularização que os contribuintes apresentam, no âmbito de uma investigação, corresponde de facto ao que está a ser investigado.
Além do Bloco, também Fernando Rocha Andrade, numa das últimas intervenções que fez no Parlamento antes de abandonar o cargo de secretário de Estado de Assuntos Fiscais, levantou este problema. Explicou que
O Bloco propõe, então, que o Banco de Portugal e as instituições financeiras transmitam ao Fisco os formulários que têm na sua posse. Pretende também que os contribuintes que foram ou venham a ser alvo de uma inspecção e se tenha justificado com a adesão a um RERT identifiquem exactamente os factos que foram regularizados, de modo a que o Fisco saiba o que está dentro e fora da amnistia. E a proposta bloquista visa também que todos os contribuintes em geral, que tenham aderido à amnistia, prestem esclarecimentos ao Fisco sempre que estes lhes sejam pedidos.
O Expresso avança que uma fonte parlamentar do PS defendeu que o partido está inclinado a acompanhar os dois primeiros pontos desta proposta, mas deixará cair o terceiro, uma vez que pela sua abrangência considera ir longe demais. Contudo, como frisa o semanário, a palavra final será de António Costa, primeiro-ministro.
Estes regimes permitiram, no espaço de sete anos, a legalização de seis mil milhões de euros escondidos no estrangeiro, sobretudo na Suíça, e uma amnistia dos crimes fiscais associados, a troco do pagamento de uma taxa.
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