Um partido que promete nada fazer? A Holanda tem
Esta quarta-feira, os holandeses vão escolher o novo parlamento, de onde sairá o novo governo. No boletim de voto estará um recorde de 28 partidos. Há escolhas para todos os gostos, incluindo um partido cuja única promessa eleitoral é nada fazer.
O Partido da Liberdade e da Democracia do primeiro-ministro conservador, Mark Rutte, governa com os trabalhistas do PvDA, de Jeroen Dijsselbloem, seu ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo. Tem estado à frente nas mais recentes sondagens mas com uma curta margem, e dificilmente escapará de pesadas perdas na bancada parlamentar, podendo passar de 41 para apenas 26 lugares. Rutte, 50 anos, licenciado em História, é chefe de governo desde 2010. Promete mão pesada para os que "abusam da liberdade que a Holanda oferece" e continuar a sanear as contas públicas.
PVVDevolver a Holanda aos holandeses
Geert Wilders, 53 anos, rosto do Partido da Liberdade (PVV), é um político que se tornou conhecido devido às suas críticas ferozes sobre o extremismo islâmico que já lhe valeram condenações na justiça e que o forçam a viver sob apertadas medidas de segurança. Antigo membro do VVD, abandonou o partido em 2004 para criar um movimento radical assente no lema "devolver a Holanda aos holandeses". Admirador de Trump, próximo da Frente Nacional francesa e do UKIP britânico, defende igualmente a saída da Holanda do euro e da UE. Diz que aumentará os gastos públicos, reverterá medidas de austeridade e baixará a idade da reforma para os 65 anos.
Denk e Artigo 1.ºOs partidos dos imigrantesO DENK é um partido pró-imigração (o nome significa "igual" ou "equilibrado" em turco e também "pensar" em neerlandês). Foi fundado em 2015 por dois ex-deputados de ascendência turca do Partido Trabalhista, Tunahan Kuzu e Selçuk Öztürk. Ambos ficaram sob pressão no ano passado por se recusarem a distanciarem-se da repressão do presidente turco contra membros da oposição após o fracassado golpe militar. Já tem um braço dissidente, o Artigo 1.º, que remete para o primeiro ponto da constituição holandesa, que afirma que todos os residentes no país têm de ser tratados de igual forma.
Quem não vota tem de ter representaçãoAbstencionistas
Quem não vota tem de ter representação
O "Niet Stemmers" é um partido que, tal como no nome indica, quer representar os não-votantes. O manifesto eleitoral tem uma promessa: "no parlamento, nós nunca votaremos." Argumento? "25% do eleitorado permanece em casa, mas todos os assentos no parlamento são tomados. Isso só é possível porque os partidos políticos fingem que os não-eleitores não existem". O líder, o advogado Peter Plasman, diz que é preciso um partido para representar as pessoas que ficam em casa ou optam pelo voto em branco, e evitar que o seu voto seja distribuído pelos partidos que não apoiam.
"Sem Modos" O "Cinco Estrelas" do Norte
"Sem Modos"
O "GeenPeil" ("Sem nível" ou "Sem modos", embora não exista tradução directa) foi fundado em 2014 como movimento político anti-sistema e anti-UE, semelhante ao "Cinco Estrelas" italiano, a partir pelo site de extrema-direita "GeenStijl" ("Sem estilo ") que já teve um grande impacto na política holandesa. Foi a partir daqui que foi lançada a petição pedindo um referendo sobre o acordo de associação entre a UE e a Ucrânia. Os holandeses acabaram por votar contra o acordo, e mesmo que o referendo não tivesses carácter vinculativo, causou grande constrangimento ao governo de Mark Rutte.
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