Governo britânico alerta que "Brexit" conduziria a "década de incerteza"
A saída do Reino Unido da União Europeia conduziria o país "a uma década de incerteza", com repercussões na actividade económica e na vida de milhões de britânicos residentes na Europa.
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O alerta é dado pelo Governo de David Cameron, na primeira análise sobre os efeitos do "Brexit", que conclui que o país levaria dez anos a iniciar um novo caminho fora do bloco dos 28 países, um período de instabilidade que atingiria "os mercados financeiros, o investimento e o valor da libra".
Nesse sentido, o documento sublinha que não seria viável sair da União Europeia no prazo de dois anos previsto pelos tratados. "Um voto a favor da saída da UE seria o início, não o fim, de um processo. Isso poderia conduzir a uma década ou mais de incerteza", refere a análise oficial, citada pelo The Guardian.
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Os dez anos mencionados no relatório incluem o tempo que o país levaria para abandonar a União Europeia e renegociar acordos individuais com mais de 50 países que têm relações com a União Europeia.
O documento antecipa que o Reino Unido ficaria "limitado" na sua capacidade de proteger esses acordos até que a primeira ronda de negociações em torno do "Brexit" estivesse completa. Sugere ainda que os Estados Unidos não poderiam sequer entrar em conversações com o Reino Unido antes de o país concluir os seus próprios acordos com os restantes países da UE.
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Vários defensores do "Brexit" já vieram acusar o Executivo de ter lançado uma campanha de medo, argumentando que mais "arriscado" para o Reino Unido é permanecer na União Europeia.
Iain Duncan Smith, secretário de Estado do trabalho e pensões, considera mesmo que a crise migratória representa uma ameaça maior para o Reino Unido do que o "Brexit". "A estratégia da campanha a favor da permanência parece basear-se na ideia de que somos demasiado pequenos… Este país é o maior do mundo", afirmou o responsável em entrevista à BBC.
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O relatório adverte também que o processo pelo qual o país abandonaria a União Europeia seria "complexo" e "opressivo", visto não existirem precedentes, e que o Reino Unido teria dificuldades em alcançar bons acordos no período previsto de dois anos.
"Esta análise do Governo mostra que sair da UE levaria a uma década de incerteza prejudicial. Os riscos para a nossa economia são claros e deixariam os empregos e a prosperidade do povo britânico perigosamente expostos", alerta o ministro de Estado Matt Hancock, citado pelo The Guardian.
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No passado dia 19 de Fevereiro, após dois longos dias de Conselho Europeu, foi anunciado um acordo entre David Cameron e Bruxelas com vista a evitar uma saída dos britânicos da EU. No entanto, no próprio Partido Conservador de Cameron há vozes contra este acordo e também o presidente da câmara municipal ("mayor") de Londres, Boris Johnson, já se pronunciou em desfavor da manutenção na União Europeia.
As agências de "rating" também estão atentas à evolução do tema "Brexit", tendo a Moody’s e a Fitch advertido para a possibilidade de cortarem a notação soberana do Reino Unido caso o resultado do referendo aponte para uma saída da União Europeia.
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