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Dijsselbloem rejeita ir ao Parlamento Europeu na próxima semana

Convidado a participar no plenário europeu no próximo dia 4 de Abril, o líder do Eurogrupo rejeitou o convite por não estar disponível nessa data. É cada vez maior a pressão para que Dijsselbloem se demita depois das declarações polémicas sobre os países da Europa do Sul.

Jeroen Dijsselbloem Eurogrupo
Jeroen Dijsselbloem Eurogrupo Reuters
30 de Março de 2017 às 20:10

Convidado a comparecer no plenário do Parlamento Europeu no próximo dia 4 de Abril, Jeroen Dijsselbloem rejeitou o convite por indisponibilidade na data em questão. A solicitação dos eurodeputados surge na sequência das polémicas declarações do líder do Eurogrupo em relação aos países do sul europeu, e que levaram já ao pedido de demissão do ainda ministro holandês das Finanças.

 

"Obrigado pelo convite", agradeceu Dijsselbloem em carta enviada para o Parlamento Europeu acrescentando que, citado pelo El País, "infelizmente já não estou disponível nessa data". Os eurodeputados pretendiam confrontar o holandês com as declarações e subsequentes pedidos de demissão. O próprio presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, condenou os "comentários inaceitáveis" considerando estarem carregados de "preconceitos e estereótipos".

 

Este é o mais recente episódio da polémica que estalou ainda na semana passada depois de Jeroen Dijsselbloem ter afirmado, numa entrevista concedida a um jornal alemão, que "não posso gastar o meu dinheiro todo em copos e mulheres e pedir-lhe de seguida a sua ajuda". Palavras proferidas depois de o holandês ter primeiramente falado na solidariedade dos países do Norte demonstrada relativamente à Zona Euro.

 

E se o ainda ministro holandês começou por recusar retractar-se, acabou depois por "lamentar" a interpretação errada de declarações produto do que chamou "frontalidade holandesa". "A minha observação é severa, advém da austera cultura calvinista holandesa", sustentou.

 

No entanto, apesar deste recuou a verdade é que os pedidos de demissão não só não pararam como prosseguiram nos dias seguintes. Além de António Costa, primeiro-ministro português que foi dos primeiros a pedir o afastamento do presidente do Eurogrupo, também os socialistas europeus consideraram que Dijsselbloem teria de sair pelo próprio pé.

 

Ao segundo partido mais representado no Parlamento Europeu, juntaram-se depois vários membros do Partido Popular Europeu (PPE), inclusivamente o presidente do grupo parlamentar desta força, o alemão Manfred Weber.

 

O estalar do verniz foi aproveitado por Espanha para recolocar Luis de Guindos, ministro espanhol das Finanças, na esteira da presidência do Eurogrupo. Guindos perdeu para Dijsselbloem, em 2013, a corrida à liderança da reunião mensal dos 19 países do euro e também veio a terreno lamentar que o holandês não tivesse mostrado arrependimento.

 

Não obstante toda a pressão que se avoluma, Dijsselbloem já reiterou que não pretende demitir-se, tendo inclusivamente demonstrado disponibilidade para continuar à frente do Eurogrupo até ao final do seu mandato, previsto para Janeiro de 2018.

 

O problema é que os trabalhistas holandeses (PvdA, do qual Dijsselbloem é militante) sofreram uma pesada derrota nas legislativas holandesas realizadas há duas semanas.

 

O péssimo resultado do partido júnior da coligação governamental faz com que, provavelmente, o partido seja dispensável nas negociações em curso para a formação de uma nova solução governativa, o que passará seguramente pelo afastamento de Dijsselbloem do Governo, até porque o ainda ministro é o rosto das políticas de austeridade prosseguidas pelo Executivo nos últimos anos.

 

No entanto, apesar de as regras europeias determinarem que o candidato à liderança do Eurogrupo "tem que ser ministro das Finanças", são omissas quanto à possibilidade de um já não ministro dessa pasta poder continuar a chefia a reunião mensal dos membros da Zona Euro. A polémica não deverá ficar por aqui. 

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