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Mário Centeno admite rever em baixa o crescimento

Numa entrevista ao Público, o ministro admite que terá de rever a sua previsão de crescimento deste ano, diz esperar que o Novo Banco seja vendido até ao fim do mês e lembra que as decisões sobre sanções não são algoritmos, são políticas.

Mário Centeno ministro Finanças Parlamento audição
Mário Centeno ministro Finanças Parlamento audição Sara Matos
Negócios 29 de Junho de 2016 às 09:10

Mário Centeno admite que a economia nacional não vai crescer tanto quanto consta das previsões do Governo, mas não espera que uma revisão em baixa tenha um impacto relevante na frente orçamental. A meta dos 1,8% do PIB é inalcançável devido, sobretudo, à vertente externa diz o ministro das Finanças.

Numa entrevista concedida esta quarta-feira ao jornal Público, Mário Centeno acaba por admitir aquilo que várias projecções, de diversos organismos – do Banco de Portugal ao FMI – já davam como inevitável: a projecção de 1,8% do PIB para o crescimento em 2016 é demasiado optimista e não se vai concretizar.

Na origem desta divergência estão as condições externas, que entretanto se deterioram, justifica Centeno. Quando questionado sobre a necessidade de rever a sua meta, o ministro das Finanças responde que "pode ser que sim, até pela dimensão do ajustamento externo que observamos, e pelo choque do Brexit. Tudo isso pondera nesse sentido. É absolutamente claro que a actualização das variáveis condicionantes do cenário macroeconómico de Portugal que temos observado é por si justificativa de uma revisão do nível de crescimento em baixa".

E que condicionantes externas são essas? Além do Brexit, que representa "uma alteração estrutural na envolvente da economia portuguesa", Mário Centeno aponta ainda a deterioração da situação económica de alguns dos parceiros comerciais nacionais. "Há quedas de 45% [nas exportações] para Angola, 35% para o Brasil, e também muito significativas para a China. Há também alguma flutuação associada aos combustíveis para os EUA", aponta.

Apesar disso, não é líquido que as metas orçamentais derrapem, não só porque os indicadores apontam para uma aceleração do crescimento, o que salvaguardará as receitas fiscais, mas também porque a despesa está a ser controlada muito de perto. Centeno chama a atenção para a execução orçamental de Maio, onde a receita contributiva está "totalmente alinhada" com as metas para este ano e a contracção da despesa é "melhor do que a que tínhamos projectado".

"Decisões sobre sanções não são algoritmos. São políticas"  

Instando a comentar a decisão da Comissão Europeia sobre a aplicação de sanções a Portugal por ter falhado as metas em 2015, Mário Centeno começa por sublinhar que "as sanções são sobre o passado, não são sobre a execução orçamental deste Governo". Este Governo está a fazer o seu trabalho para evitar as sanções, nomeadamente credibilizando o esforço estrutural que está disposto a fazer – apesar de tecnicamente discordar da Comissão Europeia sobre a forma como esse ajustamento se mede.

"Mas entendamo-nos", diz o ministro. "Nem o Brexit é da responsabilidade deste Governo, nem a crise dos refugiados, nem os impactos negociais na União Europeia". Centeno convoca uma frase que está nas minutas de 5 de Fevereiro da Comissão Europeia, em que Jean-Claude Juncker lembra aos seus comissários que estão a tomar uma decisão política e que as finanças públicas não são uma ciência exacta.

Mário Centeno tem uma síntese para esta ideia: "O que costumo dizer quando falamos de sanções é que as decisões não são algoritmos, porque senão não precisávamos de comissários. São decisões políticas. É muito importante reconhecer que estamos no campo da política".

 

"A minha expectativa" é que o Novo Banco seja vendido até ao fim do mês

Na frente financeira, Mário Centeno reconhece que a actual conjuntura não recomenda a venda do Novo Banco em bolsa. E, embora não acompanhe directamente o dossiê, diz que a sua expectativa é que a venda se concretize dentro dos prazos estabelecidos. Ou seja, até ao final do mês – "por aí".

Sobre a Caixa Geral de Depósitos (CGD) não adianta, para já, novidades. O Governo não sabe ainda sequer se as autoridades estatísticas aceitarão que a injecção de capital não tenha impacto nas contas públicas. "A questão de ir ou não ao défice é muito relevante: há uma interpretação clara do que estamos a fazer no processo de recapitalização da Caixa e que tem uma dimensão de investimento que tem de ser valorizada. Se não é vista dessa maneira, temos de saber porque não o é", diz. 

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