BCE vê economia da Zona Euro a arrefecer neste trimestre. Cita incerteza comercial
A economia da Zona Euro deverá registar um abrandamento do crescimento no atual trimestre, pressionada por preocupações em torno do comércio global. Isto apesar de os recentes acordos feitos entre a Administração norte-americana e alguns dos seus maiores parceiros comerciais reduzirem parte da incerteza, disse a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, em declarações em Genebra.
Numa reunião do Conselho Empresarial Internacional do Fórum Económico Mundial, Lagarde afirmou esta quarta-feira, 20 de agosto, que a tarifa de 15% em vigor para a maioria dos produtos europeus importados pelos Estados Unidos (EUA) permanece um pouco acima do nível que o BCE assumia, em junho, que seria aplicado aos produtos do bloco. Mas, ainda assim, “bem abaixo” de um cenário mais gravoso que os decisores de política monetária da Zona Euro também tinham antecipado.
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“Os recentes acordos comerciais aliviaram, mas certamente não eliminaram, a incerteza global, que persiste devido ao ambiente político imprevisível”, referiu a presidente do BCE. E acrescentou: “A incerteza persiste, uma vez que as tarifas específicas do setor farmacêutico e dos semicondutores continuam pouco claras.”
Os comentários são os primeiros feitos por Lagarde desde que a União Europeia (UE) chegou a um entendimento comercial com o Presidente dos EUA, Donald Trump. Lagarde abordou ainda a importância de a UE reforçar trocas comerciais com outras regiões. "Embora os Estados Unidos sejam — e continuem a ser — um importante parceiro comercial, a Europa também deve procurar aprofundar as suas relações comerciais com outras jurisdições, tirando partido dos pontos fortes da sua economia orientada para a exportação", sublinhou.
E apesar da incerteza, a líder do BCE apontou também para a resiliência que as economias do euro têm conseguido demonstrar. Composta por 20 países, a Zona Euro cresceu 0,1% no segundo trimestre deste ano. E a inflação em julho ficou nos 2%, meta fixada pelo BCE. Por esse motivo, nota Christine Lagarde, “a economia da Zona Euro mostrou-se resiliente no início deste ano, mesmo com um ambiente global desafiante”.
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Sobre uma eventual descida dos juros em setembro, espera-se que os decisores de política monetária do mercado único mantenham a taxa fixa nos 2%, podendo vir a prolongar uma pausa na flexibilização da política monetária iniciada no mês passado, após 7 cortes consecutivos dos juros diretores entre maio de 2024 e junho deste ano. "Os decisores do BCE terão em conta as implicações do acordo comercial entre a UE e os EUA para a economia da Zona Euro nas próximas projeções de setembro, que orientarão as nossas decisões nos próximos meses”, concluiu Lagarde.
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